Foto do site Brasil de Fato |
Por Renato Rovai
Ontem o Brasil viveu um dos episódios mais chocantes da
história da luta dos professores em defesa da educação e dos seus direitos. A
bárbarie perpetrada em Curitiba pelo governador Beto Richa e o seu secretário
de Segurança Pública, Fernando Francischini, com centenas de educadores
feridos, demonstra o quão violento é o braço político-judicial que se arma a
partir do Paraná com o objetivo de endireitar o país.
Francischini é o símbolo mais caricato dessa troika. Ela se
tornou secretário de Segurança do Paraná depois de ter virado símbolo nacional
de uma guerra ao PT e aos direitos humanos na internet. Com uma ação muito bem
coordenada na rede, esse inexpressivo delegado foi se tornando ícone daquela
gente que desfilou no dia 15 de março fazendo selfies com a PM e portando
faixas de intervenção militar.
A estratégia deu certo e lhe rendeu 160 mil votos,
praticamente 3% do total do estado, o que é bastante para um candidato a cargo
proporcional. E já em dezembro de 2014 Beto Richa nomeou-o secretário de
Segurança Pública.
Até aquele momento o governador do Paraná era o bom moço que
tinha sido reeleito no primeiro turno e que se vendia ao Brasil como eficiente
administrador público. Já havia quem o recomendasse como uma opção tucana,
inclusive, para disputar a presidência da República.
Do mesmo Paraná, o juiz Sérgio Moro foi se consolidando no
final do ano passado como o algoz da corrupção. Impôs um estado policial no
país a partir de sua jurisdição e se tornou o nosso Eliot Ness tupiniquim.
O 15 de março foi em boa medida construído a partir do que
essa República do Paraná oferecia ao Brasil: combate à corrupção, guerra ao PT
e aos direitos humanos. Inclusive a guerra suja na internet tem sido fortemente
operada a partir do DDD 41, por gente que trabalha em gabinetes de parlamentares
e em governos.
Ontem essa República do Paraná, porém, testou um dos limites
mais caros à democracia. Ela não se importou em colocar suas tropas para
massacrar professores.
Ao mesmo tempo, também ontem se descobriu que o delator do
senador Anastasia, o policial federal conhecido por Careca e que foi libertado
por Sérgio Moro, está foragido. Ou seja, o inquérito contra o parlamentar fica
interrompido enquanto isso.
O jogo começa a ficar mais claro. A Operação Paraná mostra
sua verdadeira face. E se por um lado isso deixa a disputa mais transparente,
por outro é preciso saber como jogar esse novo jogo com uma nova direita
violenta e golpista que se mostra articulada em várias esferas.
Os professores que ontem foram massacrados podem ser a chave
para enfrentar esse processo. O Brasil tem uma dívida histórica com esse
segmento e não há nada melhor do que investir em educação para se derrotar a
estupidez e a barbárie. Parabéns, professores do Paraná, vocês tiraram o bicho
da toca.
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