Os últimos dias tinham proporcionado uma sucessão de fatos
relevantes no campo político, nenhum deles correspondendo diretamente aos
sonhos do consórcio oposicionista. Porém, sem nenhum fato novo, o juiz Sérgio
Moro decretou a prisão do secretário de Finanças do PT, João Vaccari Neto.
Por Wevergton Brito
A escolha de Michel Temer como coordenador institucional do
governo foi um dos fatos positivos dos últimos dias. Outro foi o encolhimento
dos protestos, mesmo com toda a convocação midiática e apesar da pesquisa
Datafolha, não por acaso divulgada na véspera do dia 12.
Junto a isso, a Petrobras tem visto suas ações subirem no
mercado. A presidenta Dilma já havia adotado uma postura mais ativa,
enfrentando os principais temas da pauta política em diversos eventos públicos.
E nesta quarta-feira (15) uma significativa mobilização das centrais sindicais
contra o projeto da terceirização, que tirava a presidenta do foco de notícias
negativas, seria necessariamente o principal assunto. Agora, com a prisão de
Vaccari, a mídia monopolista privada, a verdadeira condutora da oposição no
Brasil, volta a instrumentalizar este fato novo nos marcos da Operação Lava
Jato.
Coincidências convenientes
Na segunda-feira (13), notava-se um tom mais exaltado do que
o natural, nas matérias e nas manjadas “colunas de opinião”. Sempre procurando
manter acesa a chama da crise política. Neste dia, um colunista, Ricardo
Noblat, chegou ao ponto de “revelar” que Dilma havia jogado cabides de roupa em
uma camareira e, portanto, “não merecia ser amada” em uma das mais patéticas forçadas
de barra do jornalismo pátrio. Também na segunda, a Folha de S. Paulo trouxe
uma matéria em que acusa a CGU de crime de prevaricação visando favorecer a
campanha da Dilma.
Nada disso, no entanto, era suficientemente impactante. Até
que surgiu, convenientemente, a prisão do secretário de Finanças do PT, João
Vaccari Neto. Vaccari já havia sido conduzido coercitivamente para depor no dia
5 de fevereiro, na véspera do aniversário do PT, outra coincidência
conveniente. As manifestações contra a terceirização rapidamente entraram em um
segundo plano na pauta política. O senador do DEM de Goiás, Ronaldo Caiado,
sobre quem o antigo aliado Demóstenes Torres diz que “rouba, mente e traí”,
pede a cassação do registro do PT. Agripino Maia, que responde a processo por
corrupção, diz que o “PT foi preso”. Merval Pereira afirma, sem nenhuma base
concreta, que a Operação Lava Jato “está cada vez mais perto de Dilma” e outros
“isentos” comentaristas do porte de Merval afiançam que “é inevitável que a
operação chegue a Dilma”.
O PT reage
Em notícia publicada no site do PT, afirma-se: "Em
depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, no dia 9 de
março, Vaccari apresentou dados que comprovam a legalidade das doações para o
PT. Ele também apresentou dados que comprovam que partidos como PMDB, PSDB e
PSB receberam de empresas que estão sob investigação na Operação Lava Jato. No
entanto, nenhum deles está sob investigações como à que o PT está
submetido". O líder do PT na Câmara, Sibá Machado, afirma que a prisão de
Vaccari foi uma “operação política”.
Não se pode ter dúvidas de que a prisão de Vaccari caí como
uma luva nos planos da oposição e ocorre justamente no momento em que a
oposição midiática e parlamentar necessitava de um novo fôlego na sua cruzada
golpista. A história já cansou de mostrar que, na política, coincidências
convenientes raramente acontecem. E quando acontecem, não são por coincidência.
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