O Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz) divulgou, através do "sonegômetro", estimativa segundo a qual nesta quinta-feira (21), o Brasil alcançou, em apenas cinco meses de 2015, a marca de R$ 200 bilhões de impostos sonegados. O cálculo é feito baseado em projeções da sonegação de vários tributos, como Imposto de Renda e ICMS. No ano passado, o valor sonegado atingiu a marca de R$ 502 bilhões. Ou seja, em menos de um ano e meio, mais de R$ 700 bilhões de sonegação.
Por Wevergton Brito Lima, Portal Vermelho
Este valor poderia pagar todo o orçamento do programa “Minha
Casa, Minha Vida” durante 37 anos, e representa 10 vezes o que o governo quer
economizar com as medidas do ajuste fiscal.
Os sonegadores, que roubam dinheiro público, não são
proletários, já que o trabalhador, via de regra, é descontado “na fonte”. Quem
sonega são os grandes empresários e banqueiros, inclusive donos de meios de
comunicação.
Isso explica o silêncio dos jornalões sobre o assunto. A
gigantesca cifra saiu apenas em matérias internas ou em sites, sem as manchetes
espalhafatosas que são estampadas quando escândalos – muitas vezes fabricados e
com cifras bem menores - têm como protagonistas personagens políticos que a
mídia tem interesse em destruir.
No mesmo dia em que o número recorde de sonegação foi
divulgado, o jornal Folha de S. Paulo, através de um dos seus colunistas,
atacou uma das operações em curso para investigar este bilionário crime do
andar de cima, a Operação Zelotes.
A resposta do deputado Paulo Pimenta (PT-MG) foi didática:
“a mídia faz diversas tentativas para desqualificar tanto a Zelotes quanto o
episódio das contas secretas do HSBC na Suíça, conhecido como escândalo
Swissleaks (...) O que se sabe é que nesses dois escândalos bilionários de
sonegação há empresas de mídia e nomes ligados a grupos de comunicação
envolvidos. Como a imprensa não controla esses episódios, ela busca estratégias
para retirar a autoridade do trabalho investigativo da Polícia Federal e do
Ministério Público Federal, ou daqueles que buscam dar visibilidade à Operação
Zelotes”.
Mída empresarial teme investigação
No escândalo Swissleaks já se sabe que Luiz Frias,
presidente do jornal Folha de S. Paulo está envolvido, além de ao menos mais 21
empresários do ramo jornalístico, seus parentes e 7 jornalistas. Frias e outros
proprietários do grupo Folha estão na relação dos que mantinham contas na
agência do HSBC em Genebra, na Suíça, em companhia de gente como a família Saad
– proprietária da Band e a falecida Lily Marinho, viúva de Roberto Marinho, o
antigo proprietário do Sistema Globo.
Nesta sexta-feira (22) o empresário Wagner Canhedo Filho foi
preso. Ele era um dos alvos da operação que investiga um esquema de fraude
fiscal superior a R$ 875 milhões. Os gestores do Grupo Canhedo são suspeitos de
usar empresas de fachada para ocultar faturamento de empresas e, com isso, não
pagar multas e débitos tributários. Este é, porém, um recurso comum neste tipo
de crime. O sistema Globo fez o mesmo para fraudar o fisco na compra dos
direitos da Copa do Mundo de 2002, inventando uma empresa falsa em um paraíso
fiscal e causando um prejuízo de mais de 1 bilhão de reais aos cofres públicos.
Até agora, estranhamente, não se tem notícia sobre um possível pedido de prisão
dos proprietários do Sistema Globo.
Como se vê são muitos e poderosos os motivos que unem a
mídia, os banqueiros e grande empresários, na tentativa de abafar ou ao menos
secundarizar o crime de fraude fiscal.
A mídia repete mais uma vez a velha história do perigoso
assaltante que vive gritando “pega ladrão”.
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