Aécio vai apresentar parecer aos líderes da oposição nesta quinta (21) |
A realidade impôs mais uma derrota à oposição. Depois de
serem derrotados nas urnas, os tucanos, e particularmente o senador e candidato
derrotado Aécio Neves (PSDB-MG), foram bater à porta de juristas para tentar
encontrar uma brecha jurídica para emplacar um impeachment contra a presidenta
Dilma Rousseff. O último jurista procurado foi o ex-ministro da Justiça, Miguel
Reale Jr, que em seu parecer foi claro: não há base para o impeachment.
O parecer foi entregue nesta quarta-feira (20) a Aécio que,
desapontado, terá que apresentar as conclusões aos líderes e presidentes dos
partidos de oposição. O líder da bancada tucana na Câmara dos Deputados,
Carlos Sampaio (PSDB-SP), certamente vai
espumar de ódio com o parecer, já que defendia a apresentação do pedido de
impeachment mesmo sem base jurídica.
Segundo fontes não citadas pela imprensa, Reale apontou que
no máximo é possível tentar apresentar um pedido de ação penal com base nos
“indícios de improbidade administrativa”.
Os tucanos acreditavam que o renomado jurista conseguiria
encontrar um caminho na lei para defender a tese do impeachment. Mas a famosa e
popularmente conhecida “brecha na lei” nem sempre é possível, apesar da vontade
de seus clientes e da disposição do especialista, já que Reale foi ministro no
governo de FHC.
“O doutor Miguel Reale entregou seu parecer. Os indícios são
crescentes [de crimes praticados pela presidente], mas não vamos tomar nenhuma
medida precipitada em relação a impeachment. Vamos reunindo todas as
informações que estão surgindo, e algumas delas já mostram que houve
cometimento de crimes de responsabilidade em relação às ‘pedaladas fiscais’ e
crimes eleitorais”, minimizou Aécio.
Aécio diz que não desistiu, apenas espera o melhor momento
O tucano fez questão de dizer que não desistiu de bancar o
impeachment, apenas não o fará neste momento porque não tem provas. “Não
daremos folga”, disse ele. “A população está querendo partir para cima do PT.
Somos apenas instrumento”, acrescentou Aécio, destacando este “não é o momento
para o movimento de impeachment”.
O autoproclamado porta-voz do golpismo reforça seu tom
bravateiro. A falta de eloquência e a objetividade, marcas da campanha de Aécio
para presidente, se mantêm inabaláveis. Em abril, o tucano dizia que existia
“motivo extremamente forte” para impeachment. Em maio, o deputado federal
Carlos Sampaio disse que o partido apresentaria o pedido formal de impeachment.
No entanto, Reale adiantou aos tucanos que não existia
fundamento jurídico. A oposição rachou e Aécio adiou o suposto anúncio para
meados de maio. Agora, diante do parecer final, voltou a recuar.
A tese golpista foi perdendo força política junto aos
opositores, já que nem mesmo entre o PSDB havia consenso. Além disso, não
encontrou adesão popular para tal intento.
A estratégia tucana foi evidenciada na propaganda
partidária, exibida na última terça-feira (19) em rede nacional de rádio e
televisão, em que FHC e Aécio reforçam a campanha do quanto pior, melhor e de
ataque contra a presidenta Dilma e o ex-presidente Lula para desgastar
politicamente as lideranças.
“Em 2016 [ano das eleições municipais], o PT estará nas
cordas”, disse Aécio. “Até 2018, Dilma não vai recuperar a economia. O
crescimento médio [do PIB] será de 1%", escancarou o senador tucano.
Dayane Santos, do Portal Vermelho
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