Dilma recebeu o primeiro-ministro da China, Li Keqiang, no Palácio do Planalto nesta terça (19) |
O primeiro-ministro da República Popular da China, Li
Keqiang, foi recebido pela presidenta Dilma Rousseff nesta terça-feira (19), na
rampa do Palácio do Planalto, honraria reservada a chefes de Estado que visitam
o Brasil. Após os ritos oficiais, Dilma e Li Keqiang seguiram para reunião e
assinatura de atos.
Após passar em revista as tropas, Li Keqiang subiu a rampa e
recebeu os cumprimentos da presidenta Dilma. Juntos, acompanharam a execução
dos hinos dos dois países pelo Batalhão da Guarda Presidencial, seguiram para o
Salão Nobre, onde posaram para fotos, e cumprimentaram as delegações dos dois
países.
Em seguida, os líderes deram início à assinatura de 35
acordos bilaterais, entre governos e empresas de ambos os países, o que inclui
a ampliação do fluxo comercial entre os países e acordos de investimentos em
infraestrutura, que totalizam US$ 53 bilhões.
Em pronunciamento à imprensa, Dilma e Li Keqiang reafirmaram
que os dois países têm o objetivo de “aperfeiçoar” as relações econômicas e
buscar “maior harmonia, respeito e benefícios mútuos”.
“Este encontro reafirma a característica estratégica, a
intensidade de nossas relações e dá seguimento aos contatos de alto nível que
nossos governos tornaram frequentes nos últimos anos”, salientou a presidenta.
E completa: “Tivemos uma reunião muito produtiva marcada
pelo diálogo franco, disposição de avançar e fortalecer as relações bilaterais,
que inaugura uma etapa superior em nosso relacionamento e se expressa nos
acordos, nos múltiplos acordos governamentais e empresariais firmados, em
especial nas áreas de investimentos e comércio”.
O primeiro-ministro chinês, por sua vez, destacou a
satisfação de visitar o Brasil e agradeceu a calorosa acolhida. “A China e o
Brasil são bons amigos. Entre nós a cooperação abrange um vasto leque de áreas.
A presidenta nomeou detalhadamente as iniciativas da nossa cooperação e até
pode dizer perfeitamente os nomes das empresas chinesas. Isso reflete que os
governos da China e o do Brasil prestam alta importância à cooperação
econômica”, destacou Li.
O representante chinês fez questão de salientar o interesse
da China em investir em infraestrutura. “Primeiro, vamos reforçar a nossa
cooperação de capacidade produtiva e vamos criar um paradigma nessa
perspectiva... A China acumulou muita experiência na área de infraestrutura.
Temos equipamentos de boa qualidade e gostaríamos de cooperar com o Brasil para
reduzir os custos de construção e criar mais empregos para a população local”,
disse o primeiro-ministro, referindo-se ao fundo de investimentos.
Ele ressaltou também que a China vai ampliar e fortalecer o
comércio bilateral, principalmente no setor de mineração. “A China vai ser um
importador de longo prazo dos recursos minerais brasileiros e esperamos que
esse relacionamento seja não apenas de longo prazo, mas estável”, enfatizou.
Construção de uma nova ordem global
A presidenta afirmou que, na reunião, ela e Li Keqiang
falaram em propor na próxima reunião do G-20 a reforma de instituições
financeiras internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco
Mundial, “que não refletem ainda em sua governança o peso dos países
emergentes”.
Dilma também destacou que a parceria entre os dois países é
importante em 2015, quando as Nações Unidas celebram 70 anos. “Reiterei que ela
nos permitirá aprofundar a nossa perspectiva em favor da reforma do Conselho de
Segurança da ONU”, disse.
Dilma enalteceu o firmado entre os bancos de Desenvolvimento
e de Comércio da China com a Petrobras para garantir crédito de US$ 10 bilhões.
“Além de refletir a confiança internacional que nossa
empresa de petróleo possui, em muito contribuirá para o fortalecimento das
atividades do pré-sal, onde já contamos com expressiva presença de empresas
chinesas”, afirmou Dilma.
Ferrovia Transcontinental: Brasil, Peru e China
Entre os acordos firmados está a cooperação na elaboração de
estudos de viabilidade do projeto da Ferrovia Transcontinental. “Um caminho que
nos levará diretamente, pelo oceano Pacífico, até os portos do Peru e da
China”, afirmou a presidenta Dilma.
“Trata-se da Ferrovia Transcontinental que vai cruzar o
nosso país no sentido Leste-Oeste, cortando o continente sul-americano, ligando
o oceano Atlântico ao Pacífico. Convidamos as empresas chinesas a participarem
dessa grande obra, que sairá de Campinorte, no Tocantins, lá na Ferrovia
Norte-Sul, passará por Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso, atingirá o Acre e
atravessará os Andes até chegar ao porto no Peru”, explicou Dilma.
Segundo ela, a infraestrutura será beneficiada por esse
projeto de grande alcance para o Brasil, para a integração sul-americana, via
Peru, e para o comércio com a China. A previsão é de que a obra tenha 4,4 mil
quilômetros de extensão em território brasileiro.
A presidenta destacou ainda a parceria com o Peru para a
realização dessa importante obra. “Nossos três países – Brasil, Peru e China –
e gostaria de dirigir minhas saudações ao Presidente Ollanta Humala, iniciam,
juntos, estudos de viabilidade para essa conexão ferroviária bioceânica”,
enfatizou a presidenta.
Siderúrgica no Maranhão
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), participou da
cerimônia e assinou acordo que prevê a construção de um complexo siderúrgico no
estado em parceria com empresas chinesas.
A delegação de Li Keqiang, que inclui 150 empresários
chineses, também se reuniu com o empresariado brasileiro na Cúpula Empresarial
Brasil-China, no Palácio Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores.
O Brasil tem a China como principal parceiro comercial. Em
2014, as exportações para o país asiático somaram US$ 40,6 bilhões, enquanto as
importações chegaram a US$ 37,3 bilhões, resultando em um fluxo comercial de
US$ 77,9 bilhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior (MDIC). Entre janeiro e abril deste ano, o comércio entre
Brasil e China acumulou US$ 21,7 bilhões.
Entre os atos assinados, estão: acordo que prevê cooperação
no desenvolvimento de investimentos na área de capacidade produtiva; financiamento
para a compra de 40 aeronaves da Embraer pela China; cooperação na área de
tecnologia nuclear; e criação do polo automotivo de Jacareí (SP).
Além desses, outros acordos determinam a oferta de
treinamento em tecnologia da informação, na China, a bolsistas do programa
Ciência Sem Fronteiras; e financiamento de 14 navios de minério de ferro com
capacidade para 400 mil toneladas.
Carne
Na cerimônia, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, e o
ministro da Administração Geral e Supervisão de Qualidade da China, Zhi
Shuping, assinaram protocolo de requisito de saúde e quarentena sobre a
exportação da carne bovina do Brasil.
Com o acordo, o embargo da China à carne bovina brasileira,
vigente desde 2012, caiu e oito plantas de produção de carne bovina passarão a
exportar carne para o país asiático.
Via Vermelho
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