As ditas grandes revistas brasileiras adoram uma capa do
Lula. Vende e chama a atenção, mesmo quando o conteúdo não tem uma frase de
veracidade, o que não é incomum a algumas destas publicações. Mentir e criar
factoides se transformou numa espécie de fetiche macabro
A metralhadora giratória da imprensa golpista não segue
script. Desta feita, como em tantas outras, o ex-presidente Lula é investigado.
Investigado por tráfico de influência. Parece que os temerosos oposicionistas
perceberam a invalidade do ataque a Dilma Rousseff, uma presidente eleita
democraticamente e com popularidade intocável entre as classes menos
favorecidas, a quem ela mais se dedica. Enquanto a oposição divagava em sonhos
e surrealismos presentes, a militância de esquerda prognosticava os sucessos de
2018. E encontrou coro nas últimas afirmativas de Lula. Bom de briga, ele
jamais descartou a possibilidade de disputar daqui a quatro anos. Coloca a
oposição em palpos de aranha.
As ditas grandes revistas brasileiras adoram uma capa do
Lula. Vende e chama a atenção, mesmo quando o conteúdo não tem uma frase de
veracidade, o que não é incomum a algumas destas publicações. Mentir e criar
factoides se transformou numa espécie de fetiche macabro da imprensa
brasileira, afinal, todo dia é dia de publicar um escândalo independente da
apuração dos fatos ou da incolumidade dos envolvidos. O mandamento primeiro é
criar a matéria e acusar. Não importa se depois a consistência das acusações
subir nos ares feito fumaça. É, sobretudo, a fumaça destas acusações o
combustível para alimentar uma trupe bem nascida e ignara que se presta ao
desserviço da alusão ao golpismo.
O vicioso círculo de acusações sem fundamento não parte
senão da justiça brasileira. Em Curitiba existe um juiz que prende para somente
depois investigar. O Brasil tem um procurador-geral da República que deixou
escapar um escândalo de 5,5 milhões de reais na estatal de Furnas por não
conseguir “evidências” ou encaixar a investigação noutra operação. Assim como é
tendenciosa e seletiva a imprensa, também o é a justiça. Procuram-se mil
motivos para fustigar o governo e as pessoas que estão relacionadas a ele.
Basta ser petista para entrar em roteiro de investigação. Não cai uma folha de
uma árvore sem a culpabilidade da Dilma ou do Lula.
O alvo é bom de briga
Enquanto isso, a imprensa faz mágica. Esconde do Brasil a
CPI do HSBC e os sucessos das investigações sobre a Operação Zelotes. Aliás, o
amigo internauta se lembra de quando foi a última vez que ouviu ou leu notícia
referente a estes assuntos? Apagaram-nos da agenda midiática do dia para a
noite. Afinal de contas existem outras temáticas mais interessantes e é desta
maneira que se pode perceber a seletividade da imprensa dos assuntos que
interessam não à República, mas às suas necessidades explicitamente hegemônicas.
Além de Lula, também o publicitário João Santana foi alvejado. Mas este, assim
como o Lula, parece ser bom de briga. Apresentou imediatamente as comprovações
documentais de suas transações financeiras e exigiu que, tão logo a justiça
reconheça sua lisura financeira, também se retrate publicamente pelos eventuais
prejuízos causados a ele e à sua empresa.
É assim que se deve tratar as empresas de comunicação e a
justiça pelo péssimo hábito de devassar vidas alheias em busca de crimes que
jamais serão encontrados. Querem fazer crer em crimes inexistentes e utilizam,
como disse o ministro Teori Zavaski, de medidas mediavalescas para extrair dos
investigados aquilo que talvez nunca existiu. Se a imprensa sofre a ditadura da
promiscuidade, o judiciário passa por um processo similar, já batizado por um
colunista como ditadura branca.
É possível pensar que estas ditaduras estão
interligadas por uma lacuna da democracia. Estão posicionadas ali todas as
forças que impedem a ascensão o poder popular. É neste espaço onde se mobiliza
uma força ímpar capaz de girar a mira da metralhadora. Querem alvejar o líder
petista. Querem. Permanecerão querendo. Porque o alvo é muito bom de briga.
*Mailson Ramos é escritor, profissional de Relações Públicas
e autor do blog Nossa Política. Escreve semanalmente para Pragmatismo Político.
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