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Enquanto o comando tucano ainda discute a hipótese do
impeachment da presidenta Dilma, quem corre o sério risco de ser desalojado do
poder é o governador do Paraná, Beto Richa. Nesta terça-feira (19), um novo
megaprotesto dos servidores públicos deve agitar Curitiba contra as maldades do
“playboy” do PSDB – que já golpeou o regime previdenciário da categoria e agora
anuncia mais cortes no setor. Para bagunçar ainda mais a vida do tucano, sempre
tão bajulado pela mídia, crescem as denúncias de corrupção contra o seu
governo. Na semana passada, um auditor da Receita Estadual, Luiz Antônio de
Souza, afirmou que foram repassados R$ 2 milhões em propina para a campanha de
Beto Richa em 2014.
O auditor está preso em Londrina, no interior paranaense,
acusado de fraude fiscal, desvio de recursos públicos e exploração sexual de
menores. Para aliviar a sua pensa, Luiz Antônio de Souza fechou mais um dos
famosos acordos de “delação premiada” com o Ministério Público e revelou os
detalhes do esquema de corrupção na Receita estadual. Segundo relato do
repórter Carlos Ohara, em artigo na Folha, ele informou que “que a campanha de
reeleição do governador Beto Richa (PSDB) recebeu parte da propina de dinheiro
desviado dos cofres públicos do Paraná” – um montante de R$ 2 milhões. Seu
depoimento caiu como bomba na já abalada e rejeitada gestão tucana no Estado.
“O governador Beto Richa, que enfrenta uma série crise
econômica e uma onda de protestos e greves de servidores públicos, não quis
comentar o caso. Já o PSDB do Paraná divulgou uma nota negando as acusações”,
descreve a Folha. O escândalo de corrupção na Receita estadual é grave e pode
levar alguns tucanos de alta plumagem pra cadeia. Na avaliação do senador
Roberto Requião, do PMDB, o caso também pode resultar na abertura de um
processo de impeachment de Beto Richa. Luiz Antônio de Souza e outros 14
auditores fiscais são acusados de cobrar propinas de empresários para reduzir
ou até anular dívidas tributárias das empresas. O jornalista da Folha apimenta
ainda mais o escândalo:
“Segundo Souza, o esquema era comandado pelo então
inspetor-geral de fiscalização da Receita, Márcio Albuquerque de Lima, que
também está preso. Na versão de Souza, Márcio Lima agiria em nome de Luiz Abi
Antoun, que se apresenta como primo de Richa e também já havia sido preso em
outro caso – de suspeita de fraude em licitação do governo estadual”. Os dois
citados mantêm intimas relações com Beto Richa. O primo circulava pelo Palácio
Iguaçu. “O ex-inspetor-geral de fiscalização da Receita, Márcio Albuquerque de
Lima, era companheiro do governador nas corridas de 500 Milhas, em Londrina.
Era ele quem ordenava os desvios que irrigavam o caixa de campanha do tucano”,
relata o blogueiro Esmael Morais.
Com o cerco apertando e o risco iminente da abertura do
processo de impeachment, o tucano Beto Richa resolveu sair do ninho enlameado.
Ele agora declara que a “delação premiada” não tem valor e que a acusação do
auditor “é coisa de bandido”. No desespero, ele até tenta sair da defensiva. “O
Paraná não é bobo e sabe que há muitos interesses, principalmente políticos,
tentando fazer um jogo sujo. Querem desviar o foco de problemas maiores,
inventando acusações falsas”, afirmou num vídeo gravado em seu apartamento e
postado no Facebook. Os tucanos, que adoram “delações premiadas” contra os seus
adversários, agora engolem o seu próprio veneno – como bem apontou o jornalista
Ricardo Melo, em sua coluna na Folha desta segunda-feira (18). Vale conferir:
*****
PSDB prova do próprio veneno
Ricardo Melo
Auditor que acusa o tucano Beto Richa é chamado de bandido;
já Youssef é gente honesta
"Pegaram um criminoso, réu confesso, preso por abuso de
menores, para me acusar sem nenhuma prova. Coisa de bandido."
Não, a afirmação não é de nenhum suspeito na operação da
moda, a Lava Jato. O desabafo é do governador Beto Richa, tucano de
carteirinha, num vídeo publicado no Facebook. Richa, como se sabe, ganhou
notoriedade nacional - e internacional - como o carrasco de professores do
Paraná.
Nada como um dia depois do outro. Eis que um auditor da
Receita paranaense, Luiz Antônio de Souza, fez o que o doleiro Alberto Youssef
pratica período sim, período não. Entrega uma delação premiada em troca de
redução de penas. O conteúdo fica ao gosto de certo público qualificado.
Para quem não sabe, Souza é acusado de participar de um
esquema em que empresários pagavam propina em troca da redução ou até da
anulação de calotes tributários. Puxando o novelo, surgiu a denúncia de que o
grupo de auditores criminosos deveria molhar a mão da campanha de Beto Richa
com R$ 2 milhões surrupiados na propinagem.
O conteúdo da delação tem tanto valor quanto as infindáveis
"revelações" de Youssef. Ou seja, é tudo verdade? É tudo mentira? Que
parte é verdade e que parte é mentira? Silêncio ensurdecedor no PSDB.
Assim como Souza, Youssef é um criminoso contumaz. O
primeiro chega a abusar de menores; o segundo prefere negociar com adultos.
"Incorrigível", como declarou o Ministério Público depois que o
doleiro voltou a delinquir após atuar como delator no caso Banestado.
Mesmo assim, Youssef recebeu uma nova chance. Virou
testemunha-chave na Lava Jato. Mais. Ganhou direito a delações editadas.
Algumas de suas denúncias estampam manchetes; outras, que
envolvem gente de fora do governo atual, têm que ser procuradas com lupa nas
redes sociais.
A história fica mais grave ao sermos informados de que a
Operação Zelotes, criada para investigar roubalheira grossa na Receita Federal,
corre o risco de absolver 90% dos suspeitos. O caso envolve processos que somam
mais de R$ 19 bilhões em impostos sonegados, deixando a Lava Jato no chinelo.
Com a palavra Frederico Paiva, procurador responsável pelo
processo: "Como as medidas investigatórias não estão sendo deferidas, as
pessoas também não estão preocupadas. Está todo mundo em casa".
O procurador refere-se a pedidos de busca e apreensão,
escutas telefônicas etc. sistematicamente negados pela 10º Vara Federal. Nada
como fazer parte da sobrenomecracia. Já o juiz Sérgio Moro só falta anunciar
prisões pelo Twitter.
No Brasil, a Justiça é cega apenas para alguns. Para outros,
depende de colírios financeiros.
Esqueçam o que escrevi
Com o vazio de lideranças dignas desse nome, a oposição
escalou o veterano Fernando Henrique Cardoso para comandar a tropa de choque
contra o governo. Rejuvenescido por amores tardios e celebrado pela banca em
Nova York, faz o diabo para mostrar que está em forma.
Subiu no caixote e gostou do ambiente; aguarda-se um dueto
com Marta Suplicy em rede nacional. FHC chama Lula para o embate, flerta com o
impeachment de Dilma, opina sobre tudo. Menos, por exemplo, sobre o dinheiro
torrado para comprar a própria reeleição.
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