Faleceu nesta manhã de terça feira (12/05) Oscar Rosa, o
popular Tibagi, consagrado cantor da famosa dupla Tibagi e Miltinho. Tibagi
faleceu aos 86 anos na cidade mineira de São Sebastião do Paraíso, cidade a
qual o paulistano escolheu como refugio na aposentadoria artística, na cidade o
cantor apresentava um programa de grande sucesso na rádio AM da cidade, líder
de audiência, aposentadoria merecida depois de mais de 60 anos de apresentações
por todo o Brasil e América latina. Ao lado do parceiro Miltinho Rodrigues
formou no final da década de 50 uma das duplas mais famosas da música popular
brasileira, no gênero sertanejo foram pioneiros em seu estilo vocal e na
criação e fusão de estilos latinos em seu repertório.
Foram criadores de sucessos inspirados nas rancheiras,
austécas, e huapangos mexicanos e nas guarânias paraguaias. Sucessos foram
diversos, músicas imortais e recordes de vendagem de discos como as versões:
"Passarinho do Peito Amarelo" (Gorrioncillo Pecho Amarillo),
"Pombinha Branca" ("Vola Colomba"), "Cu Cu Ru Cu Cu
Paloma" (Tomás Mendez), entre inúmeras outras versões de sucesso. Na
criatividade brasileira as modas criadas por “caipiras” com inspiração nos
ritmos latinos como o tango "Taça da Saudade" (Miltinho e Benedito
Seviero), "Teu Casamento" (Salas e Sebastião Ferreira da Silva), o
huapango "Despedida" (Sebastião Víctor), "Noite Fria" (Miltinho
e Orlando Gomes), "O Apito do Trem" (Miltinho Rodrigues e Benedito
Seviero), "Lembranças de Amor" (Miltinho Rodrigues e Orlando Gomes),
Juramento de amor ( Canção-Rancheira de José Lopes e Teixeira Filho) e o grande
sucesso Pé de cedro de autoria do saudoso poeta mato-grossense Zacarias Mourão,
uma das músicas mais executadas até hoje em todos os programas de rádio
sertanejos.
A dupla Tibagi e Miltinho, "Os trovadores do Brasil
" enceraram sua parceria no inicio da década de 70, Miltinho seguiu
carreira solo cantando com o nome Miltinho Rodrigues, e Tibagi formou dupla com
Niltinho. Cada um fez o seu sucesso nos novos caminhos, mas sempre a antiga
formação seguia os cantores em suas apresentações. Da antiga formação foram
inúmeros sucessos impossíveis de esquecer, e mais de 10 milhões de discos
vendidos, sendo a dupla Tibagi e Miltinho responsáveis por uma nova música
sertaneja, sendo seu estilo influencia para a formação de outras duplas como
Belmonte e Amaraí, Milionário e José Rico, Léo Canhoto e Robertinho e
Chitãozinho e Xororó.
Falando em Tibagi, ele esteve em Cosmópolis por diversas
vezes, sua primeira apresentação na antiga Cosmópolis, foi em 1954 com seu
primeiro parceiro Zé Mariano. Cantando Tibagi e Zé Mariano no lendário “Circo
Theatro Estrela D’alva”, “armado” ao lado do Grupo Escolar Rodrigo, no local
onde funcionou a Biblioteca Municipal e hoje está localizado o Fórum. Nesta
apresentação comentada com ênfase nos jornais locais, a dupla cantou seus
grandes sucessos a moda campeira “Desventura” e a trágica moda de viola “boiada
criminosa”.
Era tradição as apresentações naquele imenso terreno
pertencente à família Kaliu Aun, palco de consagradas e saudosas apresentações
de diversas duplas nos famosos circos teatros que todas as semanas faziam
passagem por Cosmópolis. Época magica que começou no início do século passado
naquele terreno entre as ruas Ramos de Azevedo, Antônio Carlos Nogueira e Sete
de Setembro.
Ao lado do Miltinho, Tibagi cantou cerca de seis vezes em
circos “armados” em um novo local, este bem conhecido por muitos cosmopolenses,
entre as ruas Ramos de Azevedo e João Aranha, um imenso terreno pertencente à
família Guedes, onde hoje funciona a garagem de ônibus. Nas passagens por
Cosmópolis a dupla foi recorde de bilheteria, cantando seus sucessos e
apresentando peças teatrais, a bilheteria era tanta, que a dupla chegou a fazer
três sessões em um dia.
Lotando o circos com fãs de toda a região, principalmente
Artur Nogueira, Paulínia, Limeira e até Conchal, caipirada que vinha de trole,
charrete, e pelos vagões da velha Cia Sorocabana (que ficava sua estação a
poucos metros do local do circo). Nestes intervalos entre as apresentações a
dupla descansava e tomava café na aconchegante casa da família Malagon,
localizada em frente aos picadeiros na Rua João Aranha. A família recebia com
muito carinho as duplas, disponibilizando chuveiro com ducha quente, e um
gostoso café reforçado, bem lembra isso as queridas irmãs Galvão nas
apresentações em Cosmópolis ao lado do querido Comendador Biguá .
Fica a eterna lembrança nas saudades dos fãs cosmopolenses,
ficam os imortais sucessos do querido Tibagi. Descanse em paz Tibagi, o céu te
espera hoje com uma imensa orquestra de violeiros em festa por sua chegada. Vai
com Deus Tibagi, descanse em paz velho baluarte da verdadeira música
brasileira...
Texto Adriano da Rocha
Foto acervo Sandra Cristina Peripato
Fonte – Instituto Cultural Arte Brasil
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