"A Câmara reprovou nesta terça (26) o modelo
"distritão", sistema defendido pelo presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB); foram 267 votos contra o projeto e 210 votos favoráveis; o modelo
tornaria as eleições para deputados e vereadores majoritárias; para tentar
viabilizar a aprovação do distritão, Cunha chegou a anular a votação da
comissão especial que discutiu a reforma política; mesmo assim nao foi
suficiente; a tendência é manter as eleições dos parlamentos como já acontece
atualmente, pelo modelo proporcional
A Câmara reprovou nesta terça-feira (26) o modelo
"distritão", sistema defendido pelo presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB). Foram 267 votos contra o projeto e 210 votos favoráveis. A
discussão foi o ponto de maior divergência até o momento no plenário da Câmara.
O modelo acabaria com o sistema proporcional – em que as cadeiras são
distribuídas de acordo com a votação dos partidos – e definiria quem seriam
eleitos os deputados e vereadores mais votados, no voto majoritário, como
ocorre para eleição de senadores.
O PT foi contra o distritão. O deputado Alessandro Molon
(PT-RJ) disse que o sistema agrava os problemas de representação atuais e
enfraquece os partidos políticos. "É um retrocesso. Até 1945, o Brasil
tinha esse sistema de voto majoritário para deputados e acabou porque ele era
ultrapassado", disse. O sistema, segundo ele, também encarece as
campanhas.
Já o relator, Rodrigo Maia (DEM), disse que o sistema
proporcional, em vigor atualmente, torna os candidatos a deputados e vereadores
dependentes do endosso de governadores e prefeitos, o que acaba com a oposição.
Ele reconheceu, no entanto, que o modelo proposto não é o ideal. "Não há
modelo perfeito e nós vivemos uma democracia. Salto no escuro é atravessar o
Atlântico e achar que repetir a Alemanha, a Inglaterra, não é dar um salto no
escuro", disse. Ele ressaltou que os partidos sairão fortalecidos com a
diminuição de candidatos que o sistema majoritário vai proporcionar.
Maia rebateu os argumentos de que o modelo proposto só é
aplicado atualmente no Afeganistão e na Jordânia. Segundo ele, o nosso sistema
proporcional com voto aberto só existe no País. "Não há modelo perfeito,
em todos os países os políticos estão criticando o seu modelo. Só tenho uma
certeza: o sistema proporcional aberto inviabiliza a política no Brasil",
afirmou.
O modelo também foi defendido pelo deputado Ricardo Barros
(PP-PR). Para ele, o "distritão" é o único modelo que tem a
possibilidade de ser aprovado em Plenário. "É uma inovação, mas é uma
resposta à necessidade de alterarmos alguma coisa do processo eleitoral",
argumentou.
O líder do Psol, deputado Chico Alencar (RJ), por outro
lado, disse que o voto majoritário fortalece o personalismo e vai piorar a
política. "Aprovar esse sistema majoritário individualista, que mata a
ideia de solidariedade partidária, é colocar no alto do trono da política
brasileira o cada um por si, a campanha rica, o partido como um mero
carimbador", criticou.
O líder do PMDB, deputado Leonardo Picciani (RJ), defendeu a
aprovação do sistema de distritão. Para ele, o eleitor não compreende o sistema
proporcional e, por isso, ele gera tantas distorções. "Nosso próximo voto
vai decidir se teremos a coragem de mudar, de buscar um novo caminho, ou vamos
deixar tudo como está", disse.
O líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), avaliou que o
sistema atual chegou à falência com a pulverização dos parlamentares. Para ele,
o distritão pode ser a solução. "Este Parlamento, do ponto de vista
partidário, está uma verdadeira zorra, são 28 partidos com assento, recorde
mundial", disse. Hoje, segundo ele, os aspirantes a candidato já buscam
partidos não pela ideologia, mas pela facilidade de se eleger. "Esse é o
mundo real, não adianta aula de cientista político", ressaltou.
O sistema também foi defendido pelo deputado Miro Teixeira
(Pros-RJ), que rebateu as críticas de que o modelo diminui a importância dos
partidos e valoriza as individualidades. "Sejamos individualidades, nós
representamos o povo, não temos de ser usados como cabos eleitorais de luxo ou
para cumprir ordens dos donos da política", avaliou.
Já o deputado Henrique Fontana (PT-RS) disse que o novo
sistema será o "paraíso das campanhas milionárias". "Vamos votar
contra o distritão, pela pluralidade", disse."
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