‘Não podemos mais falar em crise’, registra o Estadão sobre
a primeira fala de Michel Temer como usurpador em exercício da Presidência do
Brasil.
No Tijolaço
Foi, para mim, o que de mais objetivo disse ele, que não
anunciou medidas, proclamou intenções nas quais ninguém acredita – como a dos
programas sociais e dos direitos trabalhistas – e se desmanchou em chavões
dignos de um Rolando Lero, até mesmo cometendo um “se-lo-ia”digno de Jânio
Quadros.
Mas volto. Este é o principal recado de Temer, muito bem
expresso, aliás, no slogan “Ordem e
Progresso” positivista, de Comte que
escolheu – do qual nossas elites sempre tiraram o trecho inicial do “o amor por
princípio”, que antecedia “a ordem por base e o progresso por fim”.
O resto era o já sabido, mas sem detalhes, que talvez
comecem a aparecer no Diário Oficial de amanhã, mas só talvez.
Que está tudo aberto para o capital estrangeiro nas
concessões, já que o capital nacional possível foi a nocaute com a Lava Jato.
Não é o bastante.
Como já disse antes, é preciso mostrar os dentes e não
apenas roer os interesses nacionais.
Só um tolo completo pode achar que se fará uma reforma da
previdência que só valerá daqui a 30 anos. A menção a direitos adquiridos, no
máximo, preservará parte do período de contribuição já cumprido.
Igual será com os programas sociais. Está claro que serão
“otimizados”, com a expulsão de parte de seus beneficiários.
Portanto, só o que há de concreto é o pedido de que não se
fale mais em crise.
Que, talvez, nem com sua proverbial boa-vontade, a mídia e o
empresariado possam fazer a Temer.
Porque, se a crise foi e é criminosamente amplificada por
eles, é também real.
É crise de confiança? É.
Mas é real também.
E nessa realidade, concretamente, a fala de Temer não tocou.
Ainda.
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