O Jornal Nacional de ontem [23] foi fruto de uma intensa
negociação, é o que revela uma fonte do blogue.
O áudio da conversa entre Romero Jucá e Sérgio Machado fez
com que os luas pretas da Central Globo de Jornalismo trocassem inúmeras
mensagens e realizassem uma reunião de emergência logo cedo.
A primeira decisão foi esperar para ver qual seria a
repercussão. E pela manhã tanto a GloboNews quanto o G1 trataram do assunto de
forma suave e sem muito destaque.
Na Globo, porém, a avaliação era de que não havia saída para
o agora licenciado ministro do Planejamento. E a mensagem foi enviada para
Temer através de Wellington Moreira Franco.
O carioca não precisava ser convencido.Teria dito que iria
buscar convencer Jucá a se afastar ou renunciar ao cargo, mas que não seria uma
tarefa tão simples.
Durante o dia a Globo foi cobrindo o tema de uma maneira bem
menos explosiva do que, por exemplo, o áudio vazado do ex-senador Delcídio. Ou
do grampo ilegal da conversa entre Lula e Dilma.
Só ao final da tarde, quando a solução do afastamento de
Jucá já havia sido negociada por Temer é que se decidiu por fazer um Jornal
Nacional onde o caso teria destaque relevante. E que se liberou os âncoras e
comentaristas da GloboNews para que pudessem tratar de forma mais intensa do
assunto.
Até aí, nada muito surpreendente. A não ser pelo fato de que
o sinal de que não seria necessário aliviar para Jucá teria partido da equipe
de Temer, segundo a fonte do blogue.
A avaliação dos que fizeram a ponte com a Globo era a de que
o tratamento da saída de Jucá não deveria ser o de um simples afastamento, mas
o de uma demissão, para que Temer não saísse tão desgastado.
Não foi à toa que a apresentadora do JN, Renata Vasconcellos,
abriu a nota sobre o caso fazendo bico para falar que Jucá foi “e-xo-ne-ra-do”.
E que o presidente interino apareceu no meio da reportagem
dizendo ao repórter da GloboNews “que tudo iria se resolver e que estava tudo
tranquilo”.
A narrativa que ficou acordada era de preservar Temer e
rifar Jucá.
E por isso, o restante do bloco, não por acaso o último, foi
dedicado a noticiar os principais trechos do áudio da conversa divulgada pela
Folha, evitando repercutir muito o assunto e a crise que o áudio gerou.
Antes, porém, houve tempo para falar muito da crise da
Venezuela e do caso que pode levar o governador de Minas, Fernando Pimentel, a
ser cassado.
Segundo a fonte deste blogue, Jucá percebeu que seria rifado
e falou grosso na reunião que teve com Moreira Franco e Eliseu Padilha. E num
momento mais explosivo teria dito que se fosse jogado ao mar poderia fazer o
mesmo que Sérgio Machado, referindo-se a delação que o ex-presidente da
Transpetro negociou.
Também não por acaso, ontem, depois disso tudo acontecer e
quando dava uma entrevista conturbada no Congresso que um repórter da GloboNews
se aproximou dele e perguntou à queima roupa:
– O senhor está pensando em fazer delação premiada?
Jucá ficou atordoado e saiu sem responder. Mas a pergunta
não estava fora de contexto. Teria sido pedida por um dos editores ao jovem
jornalista.
Era um aviso para Jucá dos seus amigos do PMDB de que a
ameaça já havia vazado. E de que a Globo não iria preservá-lo.
Jucá não tem mais condições de voltar ao governo e sabe
disso. O que ele busca agora é se livrar da prisão. E para que isso não
aconteça ele vai precisar da Globo e da mídia que citou como parte da
articulação do impeachment. Por isso, muito provavelmente, mesmo tendo
entendido tudo que lhe aconteceu, vai ficar quieto. Mas só se escapar. Caso
não, toda essa operação pode virá à tona e ainda com um número muito maior de
detalhes.
Via - Altamiro Borges
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