Vou escrever pouco, porque não é hora de adivinhações, além
da óbvia de que o que se passa hoje já está definido.
No Tijolaço
Nem, tampouco, de avaliações ou recriminações.
Independente de seus erros, há uma mulher,de extrema
honradez e seriedade, à beira do cadafalso como se uma criminosa fosse.
É a forca a que, afinal, a levam seus linchadores: os
derrotados da eleição, a mídia, a elite empresarial e a extrema-direita que,
afinal, passou a ter cara própria no Brasil, o que não tinha desde os tempos do
regime militar.
Também é constrangedor ver as instituições brasileiras,
mesmo sem ter nenhuma ilusão quanto à sua natureza de classe, rebaixarem a
antros de dissimulados, desclassificados, irresponsáveis e desprovidos de
qualquer traço de dignidade pessoal.
Mas não é só piedade e constrangimento.
Talvez a tristeza vá além disso, porque é inevitável que da
usurpação se passem a outros crimes, porque quem ascende ao Governo pela
perfídia , na perfídia terá seu método de governar.
“O que ascende ao
principado com o auxílio dos grandes mantém-se com dificuldade maior do que o
que o faz com auxílio do povo” escreveu Maquiavel, “pois se vê rodeado de
muitos que lhe parecem ser seus iguais, e por isso não pode nem comandá-los nem
manobra-los à sua vontade”.
Vamos entrar num período extremamente crítico na vida
brasileira.
O autoritarismo -judicial, policial e governamental – já
força as portas das liberdades democráticas.
Ele será a forma de reagir à insatisfação popular com o que
virá, que é muito pior do que o que aqui está.
Estamos apenas começando um estranho “quanto tempo dura” de
um governo ilegítimo, usurpador e, além disso, urdido para fazer retroceder o
Brasil a uma situação colonial que já não é compatível com o nosso presente,
como nunca foi com o nosso futuro.
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