Cristina Partel, mulher do presidente da Abril, Walter
Longo, deu um show de xenofobia no Twitter:
Cristina e o marido Walter Longo, presidente da Abril: pouco apreço pelos nordestinos |
Por *Nathali Macedo
No DCM
“O nordeste colocou Dilma no Planalto e agora um nordestino
não quer deixá-la sair. Depois diz que somos preconceituosos.”
Ela representa fidedignamente a direita brasileira. Branca,
rica e sulista, atribui aos nordestinos tudo aquilo que considera desastroso e
lamentável: uma mulher na presidência, pobres nas universidades, negros se
expressando, gays representando o povo e nordestinos fazendo a diferença na
política.
Ora, a verdade precisa ser dita sem firulas: para essa
gente, o Nordeste da pobreza e da miséria apoia governos petistas em razão do
suposto assistencialismo de programas como o bolsa família e o ProUni. Nós, os
desgraçados que só enfrentam fome e seca, não temos a menor inteligência
política e elegemos os petistas porque queremos esmolas.
O pior, portanto, não é odiar nordestinos porque somos,
majoritariamente, esquerdistas. É supor que nosso posicionamento político
deriva da miséria que, para ela, ainda prepondera nessa região (e, para variar,
o preconceito provém da mais vergonhosa ignorância).
Cristina provavelmente ainda nos enxerga como asnos sem
energia elétrica e sem acesso à informação – e por isso reafirma,
pateticamente, a dita supremacia sulista.
Para gente como ela, temos uma péssima notícia: o Nordeste
não é só seca e miséria. É beleza, cultura, desenvolvimento e muita luta. Nossa
inclinação política ao PT e aos partidos de esquerda não poderá ser sanada
porque, de fato, não se dá pelo que a direita chama de assistencialismo. Nós
pensamos política e fazemos política, e isso simplesmente não pode ser calado.
E nós compreendemos, sobretudo, que quando um partido
promove inclusão social, ele nos representa.
Mas a inclusão social incomoda. Incomoda quando um
nordestino tem poder de barrar o golpe (embora não o tenha feito); incomoda
quando uma nordestina vence um concurso de beleza (como esquecer de Melissa
Gurgel, a miss que sofreu ataques xenofóbicos nas redes sociais?); A elite pira
quando a senzala aprende a ler, e os xenofóbicos piram quando nordestinos lutam
pelo seu país.
Lamento, mas eles continuarão cada vez mais incomodados.
Porque além de belas praias, sotaques maravilhosos e artistas memoráveis como
Raul Seixas, Gil, Caetano, Tom Zé e Jorge Amado (para citar apenas alguns), nós
temos força política.
Sinto muito, Cristina, mas você ainda precisará engolir a
seco a sua xenofobia: continuaremos indo às ruas, elegendo nossos
representantes e defendendo nossas bandeiras com direito a sotaque arrastado.
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