Interino atropelou acordo de Dilma com governadores e
transferiu para o Dnocs o controle dos recursos para a gestão da seca. Além
disso, aumentou em até cinco vezes a verba para estados governados pelo PMDB.
No GGN
O interino Michel Temer decidiu atropelar um acordo com os
governadores dos estados do Nordeste feito sob Dilma Rousseff e transferiu o
controle da verba destinada a obras para combater a seca ao Dnocs (Departamento
Nacional de Obras Contra as Secas). O órgão é majoritariamente controlado por
apadrinhados de peemedebistas, o que aumenta o poder de fogo do partido. Além
disso, Temer também aumentou em até cinco vezes o dinheiro destinados a obras
em estados governados pelo PMDB.
Segundo reportagem do Estadão, foi por conta dessa decisão
que favorece o próprio partido e detrimento da autonomia dos estados que o
general do Exército Adriano Pereira Junior, ex-secretário nacional de Proteção
e Defesa Civil, pediu demissão quando Temer chegou ao poder. Pereira Junior foi
o responsável direto por negociar com os governadores que caberiam a eles
decidir em quais obras onde seriam empregados os recursos federais para seca.
A secretaria nacional de Proteção e Defesa Civil é ligada ao
Ministério da Integração Nacional, comandada pelo peemedebista Helder Barbalho
(presidente do PMDB no Pará), filho do senador Jader Barbalho. A decisão de
Temer para agradar a família Barbalho é mais uma a ser contabilizada na fatura
do impeachment.
Isso porque Jader foi um dos senadores que, na fase do
julgamento de Dilma na Câmara, trabalhou para angariar votos contra o
afastamento de Dilma. No Senado, ele também tentou fazer suspense sobre qual
seria sua postura. Até que Temer percebeu que teria de usar algo que Dilma não
mais possui para tentar manter o PMDB unido em torno do impeachment: a caneta
de presidente.
No comando do País, Temer também assinou numa Medida
Provisória para autorizar a liberação de recursos para a seca. O crédito
extraordinário é da ordem de R$ 789 milhões. Desse total, R$ 225 milhões serão
destinados para obras emergenciais e o restante será reservado para ações como
abastecimento com uso de carro-pipa, respostas a desastres naturais, entre
outros.
Por ordem de Temer, Alagoas, governado por Renan Filho
(PMDB), receberá R$ 10 milhões, ao invés de R$ 2 milhões para a gestão da seca.
O governador é filho do senador Renan Calheiros (PMDB), que também tentou se
manter neutro na disputa entre Dilma e Temer pelo impeachment.
Sergipe, administrado por Jackson Barreto (PMDB), receberá
não mais R$ 3 milhões, mas R$ 10 milhões do governo Temer.
Nos estados nordestinos governados pela oposição a Temer, os
governadores foram enfraquecidos, já que caberá ao Dnocs decidir onde os
recursos serão empregados. No cado do Piauí, por exemplo, administrado pelo PT
com Wellington Dias, o Dnocs é controlado pelo senador Ciro Nogueira (PP) -
defensor do impeachment.
No Ceará, também governador pelo PT com Camilo Santana, quem
influencia o Dnocs é o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário