Grande parte do consórcio oposicionista vaticina que neste
mês de agosto pode se concretizar a grande cartada para emparedar a presidenta
Dilma Rousseff – impondo-lhe a sua destituição, renuncia ou rendição. Em agosto
eles esperam vir à tona o que vem sendo semeado pelo golpismo em marcha.
Todo alvoroço em torno deste mês foi resultante do grande
cerco que a conjuração pró-golpe quer submeter a presidenta da República,
trabalhando pelo beneplácito do TCU e do TSE a favor dos seus desígnios. Além
disso, a manifestação programada, nesse mesmo sentido, neste mês, lembrada e
convocada insistentemente pela grande mídia, e conclamada em TV e Rádio pelo
PSDB.
Tais acontecimentos são expressão do clima instituído pelas
forças conservadoras da direita, reacionárias e revanchistas, desde sua derrota
na eleição presidencial de 2014, numa santa aliança midiática-oposicionista.
Isto confirma o curso político contínuo de um estado de golpe permanente,
alimentado crescentemente pela Operação Lava Jato.
Dando mostras às crenças relativas ao mês de agosto e ao
açodado desejo dos golpistas, já o primeiro dia útil de agosto começa com a
prisão de José Dirceu que já estava preso, num verdadeiro espetáculo judicial
midiático. Acontecimento estranho? Mera coincidência?
Parece que o gatilho funcionou no momento aprazado,
procurando realçar com estardalhaço e circunstância, nos maiores telejornais e
jornalões, que a corrupção tem a digital exclusiva do PT. Afim de fornecer
“fatos” — na lógica uniforme e unilateral praticada ruidosamente pela mídia
hegemônica — à cruzada golpista em marcha e açulando a massa sedenta pela
derrubada da presidenta Dilma, fazendo-a acreditar, desse modo, que a corrupção
será eliminada e o Brasil voltará ao bom destino.
Mas, por trás dessa operaçãolavajatiana, que confunde
justiça com política e messianismo religioso, concentrando seu alvo em um
partido ou corrente política, o roteiro vai sendo revelado: a narrativa se
volta para apontar uma pretensa cabeça, ou “chefe maior” do mega esquema de
corrupção na Petrobras…
A manifestação do procurador responsável pela prisão de José
Dirceu, consta para exibir gládio diante do público, com base em simples
indícios montados por eles, que Dirceu é quem “instituiu o esquema de corrupção
na Petrobras”, desde a época em que era Ministro da Casa Civil do governo Lula.
E chega a afirmar que “Ele [Lula] está no radar”. A prisão de Dirceu seria a
escalada direcionada para alcançar Lula.
O incessante estado de golpe, ademais fomentado por uma
operação policial-judicial, instrumento de forte poder estatal, trazendo
incerteza porquanto não permite prever quem vai ser atingido no mundo político
e empresarial, coloca em xeque a própria estabilidade da ordem
politica-econômica-social. Tal situação entrelaçada é o centro de gravidade da
crise atual.
Agora, pode-se constatar que a frente anti-Dilma é formada
de diversas vertentes e cabeças, com poucas afinidades entre si, gerando
posições dispares: uma, conspira para destituí-la já; outra, trama seu
isolamento permitindo-a cumprir o seu mandato em certa condição de rendição,
mas, sobretudo, procurando inviabilizar a candidatura de Lula em 2018. Neste
último aspecto todo consórcio oposicionista, explicito ou enrustido, se junta.
Nesta primeira semana de agosto no tumulto dessa crise
política aguda, mas, em grande medida artificializada, corre solto o espectro
do caos – o país chegou ao impasse. Um petardo é arremessado dentro do
Instituto Lula, seu local de trabalho. O presidente da Câmara dos Deputados dá
consequência a sua posição contrária ao governo. Não se estabiliza a oscilante
situação econômica, anabolizada sua crise por interesses escusos.
O curso político tornou-se carregado de movimentos que
expõem tramas e conspirações, confessáveis e inconfessáveis, daqueles que agem
desenvoltos para impor soluções anticonstitucionais: os mais extremados
anunciam que a “saída” — na maior cara de pau — é a convocação de “novas
eleições”. Em suma, pretendem derrubar a presidenta da República; outros,
tentando salvar a cara, fazem de conta que existe a Constituição, procuram
encontrar um “caminho institucional”, que por meio de um “pacto” inusitado
afaste a presidenta da República do protagonismo político central, cabendo a
ela um papel institucional coadjuvante, em suma, a sua rendição permanente.
Tudo isso é um modo de driblar, burlar, para realmente
invalidar a Constituição. Essa é a forma atual de golpe. Antes era usual pela
viamanu militari. Agora, as elites dominantes conservadoras e antipatrióticas
buscam numa tentativa de contraofensiva apear do poder na America Latina e
Caribe as forças democráticas, progressistas e populares, que chegaram ao
centro do poder e, assim, garantir a sua volta a qualquer custo.
Não! Tudo isso seria o ápice do retrocesso das conquistas
democráticas alcançadas em nosso país. Para as forças conservadoras,
reacionárias, antidemocráticas, fascistizantes não interessa que o país volte à
condição de uma republiqueta e trunque seu processo de conquistas
civilizatórias.
A presidenta Dilma Rousseff respondeu a essas investidas
anticonstitucionais de forma lúcida e veemente: “Ninguém vai tirar a
legitimidade que o voto me deu”. O regime é presidencialista, expresso na
Constituição e reafirmado em dois plebiscitos pelo povo brasileiro. Portanto, é
um mandato fixo e contínuo de quatro anos.
Sim, a crise é objetivamente resultante de um entroncamento
de múltiplos fatores externos e internos que requer decidido enfrentamento. Mas
a sua condução cabe à presidenta da República, tendo como premissa seu mandato
constitucional. Ela deve se empenhar e persistir na construção de uma pactuação
que reunifique os setores chave e os meios para governança e recomponha e
amplie a sua base social.
A persistência tendo como base a afirmação da democracia e a
volta à normalidade política, isolando, sobretudo, as forças golpistas mais
recalcitrantes e se apoiando na ampla maioria que anseia pelo avanço
democrático, a retomada do crescimento com progresso social e soberania
nacional na condução da economia. Em resposta ao “quanto pior, melhor”, das
forças da direita golpista, sucessivamente cresce o anseio e a luta em defesa
da democracia e do Brasil.
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