Muitos escritos dos autores clássicos gregos contêm exemplos
de misoginia e xenofobia. Eles até tinham uma teoria que, quanto mais distante
do clima temperado, mais "selvagens" eram as pessoas, mas isso não
estava diretamente relacionado à cor da pele ou traços físicos, pois a teoria
se aplicava tanto às pessoas do norte da Europa quanto às do sul da Etiópia.
Pode-se dizer, talvez, que este seja um pensamento racista, mas não é aquele
racismo moderno, baseado em características físicas ou no conceito de raças.
Isto não significa que não houve exceções, mas de modo geral, as pessoas negras
eram vistas de forma positiva.
Nas palavras do historiador Frank Snowden:
"Os núbios [sudaneses] aparecem pela primeira vez na
literatura europeia nos poemas homéricos, nos quais são um povo remoto, os mais
distantes dos homens... A imagem homérica dos etíopes 'inocentes' (como ele e
outros gregos e romanos chamavam os núbios), os favoritos dos deuses, devotos e
justos, ecoa por toda a literatura clássica... De acordo com Heródoto, dizia-se
que alguns núbios eram os mais altos e mais belos homens no mundo inteiro... A
imagem dos etíopes justos e devotos persistiu até o fim do Império Romano.
Segundo Diodoro, um historiador do fim do século I d.C., os etíopes foram os
primeiros homens. Eles foram o primeiro grupo a adorar os deuses..."
De acordo com Michael A. Gomez, "os europeus ficaram
completamente impressionados com a cor do africano; quanto mais escura a cor,
mais forte a impressão. Apesar de impressionados, os sulistas europeus não
atribuíam nenhum valor ou dignidade intrínseca à cor da pele e, ao contrário
das noções contemporâneas de raça e racismo, não equiparavam a negritude com
inferioridade. O racismo moderno aparentemente não existia no mundo
mediterrâneo antigo. De fato, há evidência de que justamente o oposto
acontecia, que os africanos eram vistos favoravelmente."
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