De homem insubstituível para tocar o impeachment, o Pelé
míope do golpe, Eduardo Cunha virou uma dor de cabeça para o interino por causa
do que sabe de todo o mundo, especialmente do ex-sócio Michel Temer.
No DCM
E se ele resolve entregar? E se, no desespero de ver a
mulher à beira do cadafalso, topa uma delação premiada? De acordo com o repórter
Daniel Carvalho, do Estadão, essa possibilidade vai se tornando cada vez menos
remota.
Segundo Carvalho, “a medida foi defendida por parte do
núcleo jurídico que atende Cunha em reunião na residência oficial da Câmara que
se estendeu até as 3h desta quarta-feira, 15.”
Ele “não descarta nenhuma hipótese”. Cunha “está mais
incomodado com a situação da Cláudia”, afirma um “assessor” (de imprensa?).
Eduardo Cunha está, mais uma vez, lançando mão de sua arma
predileta: a chantagem. Para tanto, usa a imprensa amiga (“jornais e revistas simpatizantes”, na
imortal definição de Sergio Moro em sua tese sobre a Mani Pulite).
Temer, um covarde sem comando, incapaz sequer dos tais
“acordos de bastidores” pelos quais era supostamente famoso, não conseguiu
salvar Cunha no Conselho de Ética.
O ex-presidente da Câmara opera desde tempos imemoriais para
todo o partido. Seu dedo está nos negócios de Temer, no mau sentido.
E se ele abrir o bico sobre o Porto de Santos e o Aeroporto
de Guarulhos?
Em janeiro, veio à tona a denúncia de que as campanhas de
dois deputados federais do PMDB, Hermes Parcianello e João Arruda, receberam
dinheiro do Grupo Libra através de transferências da conta de campanha de
Michel Temer em 2014.
O Libra obteve uma vantagem inédita para administrar o Porto
de Santos depois de uma emenda parlamentar incluída por Cunha na nova Lei de
Portos. Foi o único beneficiário de uma brecha na nova legislação, que permitiu
a empresas em dívida com a União renovarem contratos de concessão de terminais
portuários.
Os dois trabalharam juntos, igualmnte, numa outra história.
Segundo parecer de Rodrigo Janot, enviado ao STF, o interino recebeu uma doação
de 5 milhões de reais da OAS, propina que teria facilitado a obtenção da
concessão do Aeroporto de Guarulhos.
O nome de Temer aparece em mensagens encontradas no celular
do ex-executivo da empreiteira: “Léo Pinheiro afirmou que explicaria,
pessoalmente, para Eduardo Cunha [sobre a doação], mas que o pagamento dos R$ 5
milhões para Michel Temer estava ligado a Guarulhos”, escreveu Janot.
“Michel é Cunha”, disse Romero Jucá numa frase mais atual do
que nunca.
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