Os testes da terceira e última etapa da vacina contra a
dengue, que já vinham sendo feitos desde fevereiro com 1,2 mil voluntários
recrutados pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo (USP), começaram a ser realizados também, nessa quinta-feira (23),
com 1,2 mil voluntários na Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto
(Famerp), no interior paulista.
O Hospital das Clínicas e a Famerp são dois dos 14 centros
de estudo credenciados pelo Instituto Butantã - que desenvolve a vacina -, onde
serão feitos os testes da terceira etapa do projeto. Esta fase envolverá 17 mil
pessoas em 13 cidades, nas cinco regiões do país. Na próxima semana, segundo o
instituto, um centro em Manaus (AM) e outro em Boa Vista (RO) também darão
início aos trabalhos.
A última etapa da pesquisa servirá para comprovar a eficácia
da vacina. Do total de voluntários, dois terços receberão a vacina e um terço
receberá placebo, que é uma substância com as mesmas características da vacina,
mas sem os vírus, ou seja, sem efeito. Ninguém - nem a equipe médica e nem o
voluntário - saberá quem vai receber a vacina e quem receberá o placebo. O objetivo
é descobrir, a partir dos exames do material coletado desses voluntários, se
quem tomou a vacina ficou protegido e se quem tomou o placebo contraiu a
doença.
Em São José do Rio Preto, única cidade sem ser uma capital
que participará desta etapa, a vacinação e o acompanhamento dos voluntários
pela Famerp são feitos em uma Unidade Básica de Saúde. As pessoas que
participarão do teste são voluntárias, saudáveis, que já tiveram ou não dengue
em algum momento da vida e que se enquadrem em três faixas etárias: 2 a 6 anos,
7 a 17 e 18 a 59. Eles são acompanhados pela equipe médica por um período de
cinco anos para verificar quanto tempo dura a proteção oferecida pela vacina.
Segundo o instituto, a última etapa de testes pode durar em
torno de um ano quando poderão ter resposta dos efeitos da vacina. Mas os
indivíduos que tomaram a vacina serão acompanhados por cinco anos para saber
como eles vão se comportando nesse período: se ainda estarão protegidos contra
a dengue e se haverá necessidade de uma dose de reforço no futuro. O instituto
estima que a vacina esteja disponível para registro até 2018.
A vacina contra a dengue tem potencial para proteger contra
quatro vírus da doença com uma única dose. Ela é produzida com vírus vivos, mas
geneticamente enfraquecidos. Com os vírus vivos, a resposta imunológica é
maior, mas como eles estão atenuados, não há potencial para provocar a doença.
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