Augusto Roa Bastos nasceu no dia 13 de junho de 1917, em
Assunção, no Paraguai. Viveu parte de sua infância na vila rural indígena de
Iturbe a qual aparece em suas obras com o nome de Itapé, onde seu pai, de
temperamento autoritário, comandava uma refinaria de açúcar.
O gosto pela literatura foi incentivado por sua mãe, que o
fez ler a Bíblia e as obras de Shakespeare, além de tê-lo iniciado na arte da
narração ao contar-lhe lendas paraguaias no idioma guarani.
Já no colégio, seu tio o iniciou na leitura de clássicos
espanhóis. Roa publicou seu primeiro livro, a coleção de contos "El trueno
entre las hojas", durante o exílio em Buenos Aires provocado por um
governo militar repressor. Com fortes convicções ideológicas, foi voluntário na
Guerra do Chaco, correspondente na Europa durante a Segunda Guerra Mundial, e
acabou obrigado a exilar-se na Argentina e depois na França, onde lecionou
literatura Hispano-Americana e Língua e Cultura Guarani na Universidade de
Toulouse. Em 1982, teve a sua cidadania paraguaia cassada, mas obteve um ano
depois a cidadania espanhola. Com o fim da ditadura de Stroessner em 1989,
retornou a Assunção, onde viveu até sua morte. Durante toda sua vida Roa
trabalhou com jornalista, correspondente, roteirista de cinema, carteiro,
dramaturgo e professor.
Doutor honoris causa por diversas universidade
hispano-americanas, européias e norte-americanas, Roa Bastos teve a sua obra
traduzida para 25 idiomas. Foi considerado um dos mestres literários do século,
recebeu em 1989 o Prêmio Cervantes, o mais importante concedido a escritores de
expressão hispânica.
Ele escreveu o melhor livro da literatura paraguaia e um dos
melhores da latino-americana: "Eu o Supremo", uma obra que retrata
magistralmente a figura de José Gaspar Rodrígues de Francia, um ditador que
comandou o Paraguai durante 27 anos.
Para muitos, Francia foi uma espécie de fundador do
Paraguai, que desafiou, na sua época, grandes potências como o Japão. Sua
política de relações internacionais era baseada na desconfiança e sua idéia de
nação buscava criar um país auto-suficiente, comandado apenas por ele e ninguém
mais.
Francia não foi apenas objeto para uma obra de Roa. Ele
também teve sua figura retratada pelo ensaio "Dr. Francia", escrito
em 1844 por Thomas Carlyle, que, no texto, reclama das referências maldosas e
incompletas que havia encontrado a respeito do ditador. Aliás, Carlyle afirma
que se fazia mais que necessária "some biography of Francia by a
native!" (uma biografia de Francia feita por uma nativo).
Roa Bastos, de certa forma, atendeu ao pedido de Carlyle e
acabou por produzir uma obra fenomenal.
Exílio
Roa Bastos viveu exilado na Argentina e na França por mais
de 40 anos, durante o regime do ditador paraguaio Alfredo Stroessner (1954-1989).
Autorizado a visitar o país em três ocasiões durante seu exílio, o escritor foi
definitivamente expulso em 1982 e só regressou à sua terra natal após a
derrubada do ditador Stroessner que viveu exilado em Brasília até 16 de agosto
de 2006 quando morreu.
Stroessner chegou a proibir a venda de "Eu, o
Supremo" no país _para o público, o retrato que Roa Bastos fez de
Rodríguez de Francia, que governou o Paraguai com mão-de-ferro após a
independência do país, em 1811, repetia-se nos desmandos de Stroessner.
O exílio forçado marcou profundamente Roa Bastos.
"Mesmo os cães sentem-se mal quando são expulsos de algum lugar. Imagine o
que é isso para um homem", disse o autor em entrevista. Sua obra é
intimamente ligada à sua terra natal.
Roa Bastos também foi marcado pela guerra entre Paraguai e
Bolívia (1932-1935), pelo controle da zona desértica do Chaco, na qual
participou como assistente de enfermagem, aos 15 anos. Ao fim do conflito,
iniciou sua carreira no jornal paraguaio "El País", onde chegou a
chefe de redação e correspondente em Londres, após a Segunda Guerra Mundial.
Paralelamente, ele começou a escrever poemas e publicou em
1941 sua primeira novela, "Fulgencio Miranda". O paraguaio era um
leitor apaixonado por autores como Rilke, Cocteau e Faulkner.
Em março de 2005, Roa Bastos foi abandonado e roubado em
mais de US$ 26 mil por sua ex-assistente, segundo uma denúncia apresentada na
Justiça e divulgada pela imprensa do país.
A denúncia foi feita contra Cesarina Cabañas, mais conhecida
como Karina Cabañas, a quem a filha do escritor, Mirta Roa Mascheroni, acusa de
"furto agravado por lesão grave, abandono e exposição de pessoa a perigo
de vida e integridade física", segundo publicou o jornal Ultima Hora.
A filha de Bastos residente na Venezuela, fez a denúncia em
dezembro de 2004, quando foi visitar o pai nas festas de fim de ano, mas só em
2005 o caso tornou-se público. Segundo Mirta, seu pai foi hospitalizado em
setembro de 2004 com um problema cardíaco, porque sua vizinha Aurora Mena,
telefonou para o sobrinho do escritor Antonio Escalada Roa para informar sobre
o estado de saúde do tio e dizer que a assistente que deveria cuidar dele não
se encontrava em casa.
Segundo o jornal paraguaio, Roa Bastos foi encontrado pelo
sobrinho em seu apartamento "em estado calamitoso e total abandono" e
pediu à polícia que recupere os US$ 26,9 que o escritor guardava em uma maleta.
Acrescenta que a maleta continha US$ 45 mil que o escritor ganhou por direitos
autorais e conferências realizadas em Buenos Aires.
Segundo a denúncia, Karina Cabañas, dopava o escritor para
que pudesse deixar a casa e construir outra, com o dinheiro do patrão. O juiz
Oscar Delgado expediu um pedido de prisão contra ela.
O escritor e poeta paraguaio Augusto Roa Bastos, um dos
principais autores latino-americanos, morreu no dia 26 de abril de 2005, aos 87
anos, em um hospital de Assunção. Roa Bastos faleceu devido a um ataque
cardíaco oriundo de complicações da cirurgia a que foi submetido após cair e
bater a cabeça em sua casa, quatro dias antes de sua morte.
Bibiografia
"Lucha Hasta el Alba" (1931) *
"El Ruiseñor de la Aurora" (1942) *
"La Inglaterra que Yo Vi" (1946) *
"El Trueno entre las Hojas" (1953) *
"Hijo de Hombre" (1960) *
"El Naranjal Ardiente" (1960) *
"El Baldío" (1966) *
"Madera Quemada" (1967) *
"Los Pies sobre l Agua" (1967)
"Moriencia" (1969) *
"Cuerpo Presente" (1971) *
"Eu o Supremo" (1974) Ed. Paz e Terra
"Los Juegos: 1: Carolina y Gaspar" (1979) *
"Antología Personal" (1980) *
"Contar un Cuento y Otros Relatos" (1984) *
"Carta Abierta a Mi Pueblo" (1986) *
"El Tiranosaurio del Paraguay da Sus Últimas
Boqueadas" (1986)
"El Texto Cautivo: El Escritor y Su Obra..."
(1990)
"Vigília do Almirante" (1992) ed. Mirabilia
"O Fiscal" (1993) Ed. Alfaguara
"Contravida" (1994) ed. Ediouro
"Madama Sui" (1995) *
"Metamorfosis" (1996) *
"La Tierra Sin Mal" (1998) *
Prêmios
- Concurso Internacional de Novelas Editorial Losada (1959)
- Prêmio de las Letras Memorial de América Latina (1988)
- Prêmio Cervantes (1989)
Fontes:
http://www.speculum.art.br/bio.php?a_id=1372
ROA BASTOS, Augusto. Eu o supremo. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1977
Folha de S. Paulo
Revista Época
www.estadao.com.br
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