"Contudo, o aumento de mobilizações contra a então candidata por parte de vários setores da sociedade civil peruana, que temiam a volta do fujimorismo – regime político de seu pai, Alberto Fujimori, ex-ditador peruano (1990-2000)"
A filha do ditador Alberto Fujimori reconheceu a derrota nas eleições depois de cinco dias |
Keiko Fujimori, do partido Força Popular, reconheceu, nesta
sexta-feira (10), sua derrota no segundo turno das eleições presidenciais do
Peru para Pedro Pablo Kuczynski e afirmou que fará oposição ao novo presidente
durante o mandato.
“Aceitamos democraticamente os resultados da Onpe [Oficina
Nacional de Processos Eleitorais] porque somos uma organização política séria e
que respeita o povo peruano”, disse Keiko em pronunciamento.
“Apesar de os resultados emitidos pela Onpe serem confusos,
eles indicam também que o Força Popular recebeu pela população a tarefa de ser
oposição e este será um papel que cumpriremos com firmeza. Seremos uma oposição
responsável que pensará sempre no futuro do nosso país tendo como linha matriz
representar o que sentem os mais de 8,5 milhões de peruanos que votaram no
nosso plano de governo”, ressaltou ela.
"Desejamos muita sorte ao senhor Kuczynski e a seus
aliados de campanha (...) O Força Popular seguirá trabalhando para o
Peru", finalizou.
Keiko havia vencido o primeiro turno do pleito, em 10 de
abril, com 39,8% dos votos, e liderou as pesquisas de intenção de voto até
poucos dias antes do segundo turno, que foi realizado no domingo (05).
Contudo, o aumento de mobilizações contra a então candidata
por parte de vários setores da sociedade civil peruana, que temiam a volta do
fujimorismo – regime político de seu pai, Alberto Fujimori, ex-ditador peruano
(1990-2000) – foi um dos fatores que fez parte do eleitorado repensar o apoio à
candidata do Força Popular. PPK acabou recebendo 50,12% dos votos; Keiko,
49,88%.
Em sua conta do Twitter, o novo presidente agradeceu as
palavras de sua antiga concorrente. "Senhora Keiko, agradeço o gesto. Em
uma democracia são bem-vindas todas as vozes. Trabalharemos incansavelmente
pelo Peru", escreveu ele.
No Congresso peruano, por outro lado, o fujimorismo obteve
maioria, elegendo 73 dos 130 parlamentares da casa. O segundo partido com mais
membros é o Frente Ampla, de Verónika Mendoza, com 20 deputados. Com 18
parlamentares, o PPK (Peruanos por el Kambio, Peruanos pela Mudança), partido
de Kuczynski, será somente a terceira bancada do Congresso.
Alberto Fujimori
Em entrevista à revista peruana Semana Econômica, PPK foi
questionado sobre a possibilidade de anistiar Fujimori, caso os fujimoristas
peçam a anulação de sua condenação (25 anos de prisão por corrupção e violações
aos direitos humanos), já que possuem maioria no Congresso.
“Se o Congresso propuser uma lei genérica — não pode ser
pessoal — para que pessoas na mesma condição que ele completem o fim da
sentença em casa, eu sancionarei. Mas não sei se eles [Força Popular] irão
querer isso. Eles querem que Fujimori saia pela porta da frente”, argumentou o
novo presidente, que reforçou que não perdoará os crimes cometidos pelo
ex-ditador.
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