De acordo com o promotor Márcio Nobre, o caso sobre o
estupro coletivo da jovem de 16 está "praticamente concluído". Ele
também disse que espera apresentar a denúncia formal nas próximas três semanas.
Perícias dos vídeos analisados pela Polícia Civil mostram que havia ao menos
quatro homens no local do crime, que serão indiciados por estupro.
"É possível que não tenham sido 33 (a vítima disse à
Polícia Civil que 33 homens a estupraram), mas não descarto haver mais gente.
Provavelmente, isso vai ser objeto de novas investigações", afirmou o
promotor.
Além do crime de estupro de menor de idade, será incluído na
denúncia o crime de produção e divulgação de imagem pornográfica envolvendo
adolescente, cuja pena é de até oito anos.
Do Estadão
Marcio Nobre considera caso 'praticamente concluído';
perícia em vídeo aponta quatro vozes masculinas no momento do crime
O promotor Marcio Nobre, que acompanha o inquérito policial
sobre o estupro coletivo da adolescente de 16 anos, disse nesta terça-feira,
7, ao Estado, considerar que o caso está "praticamente concluído".
Ele afirmou não acreditar que seja difícil individualizar a conduta de cada um
dos envolvidos, como se supunha no começo das investigações, dada a
possibilidade de haver muitas pessoas na cena do crime, e espera apresentar a
denúncia nas próximas três semanas.
"É possível que não tenham sido 33 (a vítima disse à
Polícia Civil que 33 homens a estupraram), mas não descarto haver mais gente.
Provavelmente, isso vai ser objeto de novas investigações", disse Nobre,
da Promotoria de Investigação Penal.
O promotor planeja formular a cronologia exata dos fatos,
desde que a adolescente saiu do baile funk, no Morro da Barão, zona oeste do
Rio, na manhã de 21 de maio, sábado, até a gravação do vídeo na noite do dia
seguinte. As imagens a mostram nua e desacordada. É humilhada e tem as partes
íntimas tocadas.
A perícia das imagens já concluiu, segundo a Delegacia de
Proteção à Criança e à Adolescente Vítima (DCAV), que havia pelo menos quatro
homens no local, que devem ser indiciados por estupro. Os peritos se basearam
nas diferentes vozes masculinas identificadas.
Os acusados de estupro seriam o lutador Raí de Souza, de 22
anos, já preso, que diz ter feito sexo consentido com a jovem; o dono de
lava-jato Raphael Duarte Bello, de 41, também preso, que fez selfie junto ao
corpo nu da vítima e a teria tocado; e o traficante conhecido como Jefinho ou
Perninha, foragido.
A polícia suspeita que o quarto seja o traficante Moisés
Lucena, o Canário, reconhecido pela jovem como o homem que a segurou durante o
estupro. Também está foragido o traficante Sérgio Luiz da Silva Júnior, o Da
Russa, que controla a venda de drogas na favela.
Os foragidos Michel Brasil da Silva e Marcelo Miranda da
Cruz Correa são acusados terem divulgado o vídeo da menina desacordada nas
redes sociais. Eles não moram no morro e não teriam participado do estupro.
A situação de Souza se agravou com a descoberta de que o
chinelo preto usado por ele no dia 30, quando de sua prisão, pode ser o mesmo
que aparece na filmagem, assim como uma bermuda vista no vídeo, que ele também
vestia no dia 30, quando foi preso. A suspeita é de que Souza esteja mentindo
quando se exime de responsabilidade pelo estupro coletivo. Peritos estão
analisando o formato do pé dele e do que aparece na cena, assim como detalhes
do chinelo.
Além do crime de estupro de menor de idade, que pode
resultar em pena de até 12 anos de prisão, será incluído na denúncia do
Ministério Público o de produção e divulgação de imagem pornográfica envolvendo
adolescente, cuja pena é de até oito anos. A apologia ao estupro verificada em
dezenas de vídeos e áudios depreciativos que se espalham pelo YouTube e as
redes sociais ainda não está sendo investigada
Redes sociais. A polícia está monitorando cerca de 2,7 mil
perfis no Facebook, de pessoas que comentam o crime, compartilham fotos
relacionadas ao caso e aos envolvidos e que podem fornecer involuntariamente
alguma pista. Graças a esse rastreio os investigadores descobriram que o
celular de Souza, que ele afirmara ter jogado fora, estava na casa de um amigo.
No aparelho foram recuperados dois vídeos que comprovam o
estupro coletivo. A segunda gravação ainda está sob perícia. Com 12 segundos de
duração, ela mostra a vítima tentando resistir à abordagem de um homem, que
seria Bello. Ele diz: "Não o quê, pô?" A adolescente reclama de dor.
A seguir, ele tenta introduzir um batom nas partes íntimas da vítima.
Via Jornal GGN
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