No Tijolaço
Um dia após a consumação do golpe no Brasil, o jornal suíço
“Tagesanzeiger”, ironiza o mais famoso ‘conto de fadas’ brasileiro: Diebrasilianische Marie Antoinette.
Marcela Temer é comparada à rainha francesa Maria Antonieta,
cujos hábitos extravagantes, de luxo e riqueza, contrastavam com a miséria a
que o povo fora submetido.
Filha do imperador Francisco I, Maria Antonieta se casou com
Luís XVI aos 14 anos. A ideia era fortalecer a aliança franco-austríaca.
No dia 14 de julho de 1789, fartos por não conseguirem comer
nem o pão que o diabo amassou e, após ouvirem a suposta resposta da rainha
sobre sua condição de miséria extrema (Se não têm pão, que comam brioches), os
camponeses resolveram por abaixo a Bastilha (para onde eram mandados os
‘inimigos do reino’).
Luiz XVI que, segundo consta, não conseguia conter os gastos
astronômicos da esposa, acabou guilhotinado. Nove meses depois foi a vez de
Maria Antonieta perder, de vez, a cabeça.
A comparação feita pelo jornalista suíço Beat Metzler, é
curiosa e só reforça o que já sabemos:
viramos uma espécie de piada de mau gosto do mundo político
contemporâneo.
Leia, abaixo, o artigo do Tagesanzeiger, que não é nenhum
jornalzinho: tem “só” 133 anos de circulação…
"A Maria Antonieta brasileira
A nova primeira-dama Marcela Temer gasta com prazer o
dinheiro dos outros. Ela ocupa em sua residência 50 empregados. Às custas do
Estado.
Marcela Temer, desde a última quarta-feira primeira-dama do
Brasil, poderia ter saído de um catálogo de desejos cunhado por uma publicação
voltada para o público masculino. Foi descrita por uma revista como “bela,
recatada e do lar”. E isso foi entendido como elogio.
O afastamento da presidente de esquerda Dilma Roussef por
Michel Temer divide o país. A esposa de Temer, Marcela, aprofunda o abismo.
Para seus críticos, ela incorpora o caráter reacionário do novo governo,
ocupado apenas por homens brancos, grisalhos e ricos.
Marcela escolheu o caminho mais rápido para subir: ela
casou-se com um homem branco, grisalho e rico. E tinha apenas 19 anos, quando
encontrou Michel Temer. Ele tinha 62. Marcela cresceu como filha de classe
média em uma cidade do interior de São Paulo. Além de carregar o título de
vice-rainha-da-beleza, trabalhava na recepção de um jornal local, quando, em
2002, acompanhou parentes a um evento do PMDB. Foi onde viu Michel Temer,
milionário conhecido e há muitos anos deputado pelo PMDB. Ela pediu para tirar
uma foto com ele, o que de fato ocorreu. E pediu também seu número de telefone.
A mãe acompanhou-a no primeiro encontro e um ano depois eles já se casavam. Foi
uma festa secreta, pois o abismo de 43 anos entre os dois não era exatamente
apresentável.
“bela, recatada e do lar”
Os pais de Marcela não estão incomodados: “Isso é só o choro
dos invejosos” disse a mãe.
Marcela disse recentemente: “É como se Michel tivesse 30
anos. A idade não importa ” .
Quando Michel Temer ainda era Vice- Presidente, em 2011,
rapidamente sua esposa se tornou a queridinha dos tablóides.
Louvavam seu bom estilo e ela chegou até a ser comparada com
Carla Bruni e Jackie Kennedy. Temer publicou um livro de poemas sobre sua vida
amorosa, fotos eróticas de Marcela foram divulgadas. Ela faz o papel de uma
dona de casa fiel, que leva seu filho para a escola e tem « Michel » tatuado em
seu pescoço.
Marcela desfrutava da riqueza. Na residência oficial do
vice-presidente, ela mandou executar reformas milionárias “para que seu filho
se sentisse em casa”. A família de três membros ocupa 50 funcionários, entre
eles quatro empregadas, que cuidam apenas de lavar e passar roupas. Tudo isso
pago pelo Estado. Além disso, Marcela viajou ao lado da mãe e de uma irmã, em
voo de primeira classe rumo a Nova York e Miami, para fazer compras durante um
dia – o que ela própria documentou alegremente na internet. Durante um encontro
de cúpula da ONU, cujo tema era a sustentabilidade, ela mandou organizar um
desfile de moda de jóias".
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