BRASÍLIA- O governo anunciou ontem a criação de 3 mil
vagas de residência médica, sendo a maioria oferecida a estudantes das regiões
Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Desse total, 75% das bolsas serão destinadas à
formação de especialistas em medicina geral de família e de comunidade. O
anúncio foi feito durante cerimônia de comemoração de dois anos do Programa
Mais Médicos, no Palácio do Planalto.
As bolsas serão financiadas pelos ministérios da Saúde e da
Educação. A meta do governo é criar, até 2018, 11,5 mil novas vagas de
graduação em medicina e 12,4 mil vagas de residência para formação de médicos
em áreas prioritárias para o Sistema Único de Saúde (SUS). Com o anúncio, o
programa chega a 62% da meta de novas vagas de residência.
Também foi anunciada nesta terça-feira a contratação de 880
professores para lecionar nas universidades federais que abriram novas vagas
nos cursos de medicina ou criaram faculdades na área, após a criação do programa.
Presente na cerimônia, o ministro da Educação, Renato Janine
Ribeiro, falou sobre os rigorosos critérios para abertura dos cursos de
medicina no país e lembrou que os estudantes deverão cursar pelo menos 30% da
parte prática do curso, na área de atenção básica e serviços de urgência e
emergência do SUS.
Ele disse que foram lançadas diretrizes para orientar as
relações entre escolas de medicina e gestões locais e estaduais para garantir a
qualidade das atividades práticas de ensino executadas nos serviços de saúde.
Um decreto assinado pela presidente Dilma Rousseff durante a
cerimônia vai regulamentar o Cadastro Nacional de Especialistas, com
informações de médicos de todo o país. O objetivo, segundo o Ministério da
Saúde, é melhorar o planejamento para distribuição de especialistas pelo país.
BALANÇO - Criado em 2013 para levar médicos a regiões
distantes e periferias, o programa foi alvo de polêmica e resistência dos
profissionais de saúde, principalmente pela possibilidade de contratação de
médicos estrangeiros.
Em dois anos, de acordo com o Ministério da Saúde, 18.240
médicos foram contratados para trabalhar em 4.058 municípios e cerca de 30
distritos indígenas, beneficiando um total de 63 milhões de pessoas. “É a
primeira vez que temos todos os distritos indígenas com acesso a equipes de
saúde.
Na avaliação do ministro da Saúde, Arthur Chioro, o programa
reverteu um déficit histórico de atenção à saúde em algumas áreas do país. “Ao
longo de 27 anos do SUS, o atendimento estava comprometido pois não tínhamos
médicos para o atendimento básico. Hoje temos o direito à atenção básica
garantido a todos os brasileiros e brasileiras”, disse. “É um programa que veio
para mudar a qualidade [do atendimento] e o acesso da população brasileira à
saúde”, acrescentou.
Pesquisa encomendada pelo ministério ao Grupo de Opinião
Pública da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostra que a nota média
dos usuários para o programa é 9. De acordo com o levantamento, a maioria dos
pacientes beneficiados pelo programa são mulheres (80%), com filhos e renda de
até dois salários mínimos. Cerca de 40% recebem o Bolsa Família.
Em um relatório de avaliação dos dois anos do Mais Médicos,
o Tribunal de Contas da União (TCU) reconheceu avanços, mas apontou falhas na
execução do programa. Para o TCU, foram detectadas falhas na distribuição dos
médicos e 26% dos municípios carentes ainda não foram atendidos pelo Mais
Médicos.
Os profissionais inscritos no programa recebem R$ 10,5 mil
por mês, pagos pelo governo federal.
Via – Diário do Noroeste
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