Pesquisa mostra que usuários do Mais Médicos dão nota nove, de dez, como nota média para o programa. O levantamento, feito pelo Grupo de Opinião Pública da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mostra que 54% dos usuários entrevistados dão nota dez ao programa, criado em 2013 para levar médicos a regiões carentes.
Levantamento mostra nota média alta e que 54% das pessoas consultadas conferem nota máxima ao programa; experiência dos médicos está entre os fatores de satisfação |
Encomendado pelo Ministério da Saúde, o estudo aponta que,
diferentemente do que os que são contra o programa pensavam, a maioria dos
pacientes atendidos pelos médicos estrangeiros não sentiu dificuldades na
comunicação. Os dados apontam que 84% não tiveram dificuldades de entendimento
e que apenas 2% sentiram muita dificuldade.
Para Helcimara Telles, coordenadora da pesquisa, o que faz
com que o programa seja bem avaliado é o atendimento médico. "Mesmo que a
infraestrutura da Unidade Básica de Saúde não seja muito boa, mesmo que faltem
coisas, quando o atendimento médico é bom isso repercute bem na avaliação do
programa", defende a pesquisadora. Para a coordenadora, essa satisfação
pode estar ligada à experiência dos médicos, já que 63% dos profissionais têm
mais de dez anos de experiência, a maioria na atenção básica.
O perfil do usuário mostra que a maioria (80%) dos pacientes
são mulheres, com filhos, renda de até dois salários mínimos e que 40% recebem
bolsa família. “Isso mostra que o programa está atendendo o público alvo”,
explica Helcimara.
Como desafios principais apontados pelos usuários, o
levantamento destaca as dificuldades no acesso aos medicamentos, na marcação de
consultas e na demora para receber o atendimento. Além disso, os pacientes
também reclamam que não conseguem ser atendidos pelo mesmo profissional, o que
dificulta o acompanhamento do histórico de saúde.
Comparando com o período anterior à chegada dos médicos do
programa, 84% acham que o atendimento melhorou muito, 83% apontam melhora na
duração da consulta e 81% acreditam que o profissional conhece mais os
problemas de saúde do que os médicos anteriores.
Os resultados da pesquisa foram apresentados durante o 11º
Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, em Goiânia. As entrevistas foram feitas
em Unidades Básicas de Saúde de 700 municípios de todas as regiões do país
entre 17 de novembro e 23 de dezembro de 2014. A margem de erro é 1%.
Para a doutora em saúde pública e professora do Instituto de
Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Lígia
Bahia, o programa cumpriu um papel importante no atendimento em áreas carentes.
“Ele não muda a estrutura do sistema público de saúde, mas ele foi capaz de
levar assistência a uma parcela da população que não tinha”.
Ela destaca que os médicos cubanos são muito experientes e
bons e que isso pode ter levado à avaliação tão positiva dos pacientes. No
entanto, Lígia contesta o modelo de dar uma nota ao programa. “Uma nota resumo
não é um método adequado para uma pesquisa de satisfação do usuário. Para mim,
uma nota nove não quer dizer nem que o sistema é excelente e nem que não
funciona.”, defende.
Fonte: Agência Brasil
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