Maike Weber passou boa parte de sua infância no Assentamento
Conquista na Fronteira, no oeste de Santa Catarina.
A assentada do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra) Maike Weber, 24 anos, será a nova goleira da Seleção Brasileira feminina
de futebol. A catarinense, natural da cidade de Maravilha, mas que passou boa
parte de sua infância com os pais, no assentamento do Movimento em Dionísio
Cerqueira, também em Santa Catarina, foi convocada pela técnica Emily Lima para
um período de testes na Granja Comary, centro de treinamentos do time nacional,
entre os dias 6 e 11 de fevereiro.
A goleira, que hoje atua pelo Flamengo - clube que mantém
parceria com a Marinha brasileira - revela que não conteve a emoção ao receber
a notícia da convocação. “Chorei ali mesmo antes de começar o treino”, diz
Maike, em entrevista exclusiva para o Brasil de Fato.
Essa é a primeira convocação de Maike, que é sobrinha de
Marlisa Wahlbrink, a “Goleira Maravilha”, que defendeu a Seleção Brasileira por
mais de 10 anos. Foi a tia quem encorajou a goleira a realizar o sonho de ser
jogadora profissional. “Foi por meio dela que consegui o meu primeiro time. Ela
sempre deu o suporte necessário para que eu enfrentasse tudo com a cabeça
erguida, e seguir em frente diante das dificuldades que eu iria encontrar”,
disse.
Maike Weber conta que sempre jogou, “desde pequena com meus
irmãos, meus amigos”. Mas revela que só em 2008 teve coragem de contar aos pais
seu desejo de se tornar atleta. “Fui em busca dos meus sonhos. SaÍ de Dionísio
Cerqueira, uma cidade pequena, com pouco mais de 14 mil habitantes, para
encarar a cidade grande lá fora”, lembra.
Ainda assimilando a conquista, a goleira disse que pretende
“treinar cada vez mais forte para me firmar na Seleção Brasileira”. Outro sonho
é jogar por uma equipe fora do Brasil, “onde o futebol feminino é muito mais
valorizado”, disse.
Conquista na Fronteira
O Assentamento Conquista na Fronteira, situado na divisa
entre Brasil e Argentina, local onde a goleira cresceu, é uma referência
internacional. Em 1990, dois anos após a conquista do assentamento, os
agricultores sem-terra organizaram no local a Cooperunião, uma Cooperativa de
Produção Agropecuária (CPA), onde todas as questões são resolvidas em
Assembleia Geral.
A iniciativa dos agricultores privilegia e garante a
alimentação das 43 famílias e mais de 120 pessoas que vivem no local e também
se tornou uma fonte de geração de renda, a partir da bovinocultura para a
produção de leite e corte, da avicultura e da produção de grãos como o feijão,
além da criação de abelhas para a extração de mel.
As famílias que ocuparam o assentamento Conquista na
Fronteira e construíram a Cooperunião estavam entre as primeiras que ocuparam
latifúndios em Santa Catarina, em 1985, nos municípios do oeste do estado, logo
nos primeiros passos do MST, enquanto organização.
Por seu pioneirismo, o assentamento é constantemente
visitado por estudantes, pesquisadores, integrantes de governos, militantes
sociais e demais interessados em conhecer a experiência da reforma agrária em
Santa Catarina.
Fonte: Brasil de Fato
Nenhum comentário:
Postar um comentário