SÃO PAULO (Folhapress) - Os exames para rastreamento de
câncer de próstata devem ser feitos a partir dos 50 anos, e não mais a partir
dos 45 anos, segundo nova recomendação da Sociedade Brasileira de Urologia.
A mudança está de acordo com as últimas descobertas
científicas e segue orientações das principais sociedades médicas
internacionais, segundo Antonio Carlos Lima Pompeo, coordenador do departamento
de uro-oncologia da entidade.
"Aumentamos a idade mínima porque os últimos estudos mostram
que a chance de ter câncer de próstata é baixa aos 45 anos. Mas ainda
defendemos que homens com maior risco devem fazer a partir dos 45", diz
Pompeo. Têm maior risco homens com casos de câncer na família, negros e obesos.
As novas orientações da entidade médica serão lançadas
durante o 34º Congresso Brasileiro de Urologia, que foi realizado em Natal
(RN), no dia 16 deste mês.
As diretrizes, porém, estão longe de ser um consenso, já que
não há um protocolo nacional de rastreamento para esse tipo de câncer -assim
como há para o câncer de mama ou do colo do útero.
O Inca (Instituto Nacional de Câncer) não recomenda que
sejam feitos exames de próstata em homens assintomáticos, porque, segundo o
instituto, não existem evidências científicas de que a prática reduza a
mortalidade pela doença.
O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens
no país (atrás do câncer de pele não melanoma). Em 2012, estima-se que houve
60.180 novos casos no país, segundo o Inca.
Para rastrear o câncer de próstata, os médicos fazem um
exame físico, que inclui o toque retal, e testes laboratoriais -como o PSA
(antígeno prostático específico, na sigla em inglês), teste de sangue que
detecta alterações malignas ou benignas na próstata.
De acordo com o urologista Miguel Srougi, professor da
Faculdade de Medicina da USP, fixar idade mínima para começar os testes é uma
decisão "arbitrária e especulativa".
"Esse número não é baseado em dados científicos. Não
tem como dizer qual é a hora certa de começar os exames. O homem tem que
participar dessa decisão. Se ele tem caso na família, talvez queira ir ao
médico com 40 anos."
Para Pompeo, deixar de fazer exame periódicos "é voltar
à medicina de 20 anos atrás, quando o homem já chegava com metástase".
Segundo o urologista, a chance de cura de um tumor
localizado em estágio inicial é de mais de 90%.
"É verdade que encontramos muitos tumores indolentes
(pouco agressivos), mas também encontramos tumores com componentes agressivos
e, nessas situações, há mais chance de cura quando o diagnóstico é
precoce", afirma Pompeo.
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