Este texto faz parte da série Heróis da América, que aborda
jogadores, treinadores e dirigentes que fizeram história nos países
latino-americanos, mas que nem sempre são bem conhecidos por aqui.
Cláudio Christóvam de Pinho.
O corintiano sabe que ele é o maior artilheiro da história
do clube. Foram 306 gols em 554 partidas, entre 1945 e 1957. No Parque São
Jorge, conquistou três Campeonatos Paulistas (1951, 1952 e 1954), três Torneios
Rio-São Paulo (1950, 1953 e 1954) e a Pequena Taça do Mundo (1953).
O palmeirense também deve saber que este ídolo do maior
rival defendeu as cores alviverdes. Mais que isso: foi campeão paulista em 1942
e marcou o primeiro gol da história do clube com o nome Palmeiras.
O santista e o são-paulino também encontram este nome nos
livros de história. Cláudio passou duas vezes pela Vila Belmiro (no início da
carreira, em 1940-1941 e em 1943-1944). E foi com a camisa tricolor que ele
encerrou definitivamente a carreira entre 1958-1960 – definitivamente, porque
ele havia pendurado as chuteiras e assumido como técnico do Corinthians em
1957, mas, demitido após pouco mais de um ano, decidiu calçá-las novamente.
Habilidoso, rápido e exímio cobrador de faltas. Um líder
dentro de campo que ganhou o apelido de ‘Gerente’. Goleador por onde passou e
um dos poucos a defender os quatro grandes de São Paulo.
Mas quando o assunto é Seleção Brasileira… Cláudio foi um
daqueles jogadores que, por um motivo ou outro, não teve chance de repetir pelo
time canarinho a grande história que escreveu nos clubes.
A sua ausência na Copa do Mundo de 1950, quando não se cansava
de fazer gols no Corinthians, é até hoje considerada uma injustiça. O técnico
Flávio Costa não o chamou mesmo quando perdeu Tesourinha, cortado – o escolhido
foi o lateral Alfredo, com quem o treinador havia trabalhado no Vasco.
Como não houve Mundiais na década de 1940 e Zezé Moreira
também não quis contar com Cláudio em 1954, este artilheiro só teve a chance de
defender o país em um torneio oficial. E é aqui que entra a Copa América.
Brasil (1949), contra a Bolívia: Ruy, Augusto, Mauro,
Barbosa, Bauer e Noronha (em pé); Mário Américo (massagista),
Cláudio, Zizinho,
Nininho, jair Rosa Pinto e Simão (agachados)
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Copa América que, em 1949, ainda era chamada de Campeonato
Sul-Americano de Futebol. Flávio Costa chamou o artilheiro corintiano para
defender o país anfitrião daquela edição. Foram oito participantes (Brasil,
Equador, Bolívia, Chile, Colômbia, Paraguai, Peru e Uruguai) disputando o
troféu na fórmula de pontos corridos em turno único.
Em casa, o Brasil fez a festa e levou o tri. Foram 39 gols
em sete jogos na fase inicial. E mais sete na final contra o Paraguai. Final?
Sim. Os dois países terminaram o torneio com 12 pontos e fizeram jogo-desempate
num Estádio de São Januário lotado com 55 mil torcedores.
Jair Rosa Pinto foi o artilheiro do Brasil, com nove gols.
Ademir Menezes e Tesourinha fizeram sete. Simão e Zizinho mais cinco.
E Cláudio? O Gerente teve que se contentar em ser
coadjuvante. Mas deixou sua marca três vezes, todas na fase inicial e todas no
Pacaembu que ele conhecia tão bem. Foram dele o quinto e o nono gol do Brasil
nos 10 a 1 (!) contra a Bolívia. Além disso, ele cobrou o pênalti que garantiu
o apertado triunfo por 2 a 1 diante do Chile.
Parece pouco se olharmos a campanha do Brasil no torneio.
Mas, depois de ler toda a trajetória do Gerente no futebol, você é capaz de não
considerá-lo um herói da Copa América?
Cláudio, agachado, o primeiro da esquerda para direita
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* Eduardo Carneiro - Jornalista, ex-Gazeta Esportiva e
Terra.
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