Este texto faz parte da série Heróis da América, que aborda
jogadores, treinadores e dirigentes que fizeram história nos países
latino-americanos, mas que nem sempre são bem conhecidos por aqui.
Spencer marcou 54 gols
em 12 edições de Libertadores
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É impossível cravar que isso não vá acontecer, porém será
muito difícil alguém tirar de Alberto Spencer o posto de maior jogador da
história do futebol equatoriano, 20º maior jogador sul-americano do século XX
de acordo com pesquisa da IFFHS e maior artilheiro isolado da Libertadores da
América com 54 gols assinalados.
Atacante nato, matador e de rara habilidade para marcar gols
de cabeça, Spencer conheceu o futebol por meio de seu irmão, ex-jogador do
Everest. Após quatro anos atuando pelo modesto time de Guayaquil, o garoto de
22 anos chamou a atenção do poderoso Peñarol do Uruguai. O motivo? Spencer fez
101 gols em 90 jogos, mais de um tento por partida.
O Cabeça Mágica chegou a Montevideo em 1960 e por ali
permaneceu por uma década. Foram dez anos de títulos, vitórias e gols
memoráveis. Spencer venceu dois Mundiais de Clubes (1961 e 1966), três
Libertadores da América (1960, 1961 e 1966), além de sete campeonatos
uruguaios, sendo artilheiro em quatro deles.
Apesar de ter obtido sucesso nas três esferas do futebol, o
torneio que mais identifica o atacante equatoriano é a Libertadores. Logo na 1ª
edição, realizada em 1960, Spencer foi campeão com o Peñarol e o primeiro
goleador do torneio com sete gols. A taça continental qualificou os uruguaios
para o Torneio Intercontinental (atual Mundial de Clubes) diante do poderoso
Real Madrid de Puskás e Di Stéfano. Um empate sem gols no Centenário e uma
goleada por 5 a 1 no Bernabéu deram o título aos merengues.
Penãrol cinco vezes consecutivas campeão uruguaio
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No ano seguinte, os aurinegros triunfaram novamente na
Libertadores, conquistando o título em cima do Palmeiras de Djalma Santos. Sem
muita surpresa, Spencer marcou o gol do título, foi artilheiro do torneio e
tinha novamente a chance de ganhar seu 1º Mundial diante do Benfica. A derrota
na partida inicial em Lisboa não abalou o Peñarol, que venceu os dois jogos
seguintes no Centenário por 5 a 1 e 2 a 1, sagrando-se o primeiro time
sul-americano campeão mundial.
A farra de Spencer, Pedro Rocha, Caetano e Pablo Forlán
acabaria um ano mais tarde. Em busca do tri na Libertadores de 1963, o Peñarol
tinha o Santos de Pelé pela frente. Ausente nas duas primeiras partidas, o Rei
assistiu no 1º jogo uma surpreendente vitória do Peixe, por 2 a 0, no Uruguai e
na sequência o não menos incrível triunfo do Peñarol, por 3 a 2, em plena Vila
Belmiro, com dois de Spencer. No jogo 3, em Buenos Aires, Pelé voltou e
desequilibrou. 3 a 0 Santos com dois do camisa dez e o fim da hegemonia
uruguaia.
Spencer e Pelé na final da Libertadores de 1962
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A “crise” do Peñarol, que não conseguia sair da fila da
Libertadores apesar de continuar sendo imbatível no Uruguai, acabou em 1966. Na
grande final contra o River Plate, no jogo desempate, os aurinegros venceram os
argentinos por 4 a 2 e o Peñarol foi o primeiro time a ser tricampeão da
Libertadores.
Talvez até mais importante que ganhar mais uma vez a
importante Libertadores, o Peñarol tinha a chance da revanche contra o Real
Madrid no Mundial de Clubes. E os seis anos de espera foram muito bem
recompensados. Em Montevideo, 2 a 0 para o Peñarol, com dois gols de Spencer.
Em Madrid, mais um triunfo por 2 a 0, com mais um do Cabeça Mágica. Mesmo o
Mundial não sendo mais no formato ida-volta vale ressaltar o primeiro hat-trick
da história do torneio.
Na seleção equatoriana, entretanto, Spencer não conseguiu o
mesmo sucesso dos clubes que passou, muito porque a La Tri não era nem de longe
um grande time. Foram 11 jogos pelo Equador com quatro gols e apenas uma
competição oficial. Em 1959, jogando em casa, o Equador foi eliminado na
primeira fase do Campeonato Sul-Americano, perdendo para o Uruguai por 4 a 0 e
para o Brasil por 3 a 1.
Na tentativa de ir à sua primeira Copa do Mundo, em 1966,
Spencer atuou pela Seleção Uruguaia em seis partidas, marcando em duas
oportunidades, mas não foi convocado para o Mundial. Durante toda sua carreira,
Spencer tem 457 gols em 660 jogos. Morreu em 2006, aos 68 anos, nos EUA.
*Guilherme Semerene - é jornalista por influência
do pai, mas usa o sobrenome da mãe. Goiano do pé-rachado, atualmente trabalha
no site da Jovem Pan e sonha com o ataque dos sonhos: Rafael Moura e Walter,
abastecidos por Rodrigo Tabata, no primeiro título nacional
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