Este texto faz parte da série Heróis da América, que aborda
jogadores, treinadores e dirigentes que fizeram história nos países
latino-americanos, mas que nem sempre são bem conhecidos por aqui.
Que a Argentina sempre fabricou grandes jogadores não é
novidade para ninguém. Nomes como Alfredo Di Stéfano, Diego Maradona e mais
recentemente Lionel Messi vêm logo em nossas cabeças – e com razão, pois, de
fato, marcaram época e são acima da média.
Moreno atuando pelo River Plate em seu 1º título nacional em 1936 |
Só que antes que Don Alfredo, Dieguito ou La Pulga
começassem a escrever suas histórias no futebol, Juan Manoel Moreno, apelidado
de El Chaco, já mostrava sua arte no gramado do Monumental de Nuñez.
Criado no
folclórico bairro de La Boca, em Buenos Aires, Moreno foi de uma dispensa nas
categorias de base do Boca Juniors a um dos melhores atacantes da década de 40
no River Plate.
Atacante veloz, mas ao mesmo tempo exímio cabeceador, Chaco
atuava pelos dois flancos do campo e era admirado por sua inteligência. De
acordo com pesquisa publicada pela IFFHS, Moreno foi eleito o quinto melhor
jogador sul-americano do século XX e está entre os 30 maiores jogadores de
todos os tempos.
Sua história na equipe dos Millonários começa em 1935. Em
duas passagens, que duraram 11 anos, Moreno venceu cinco campeonatos nacionais,
marcando época como parte integrante da incrível “La Máquina”, equipe que tinha
seu plantel ofensivo formado por Adolfo Padernera, Ángel Labruna, Juan Carlos
Muñoz e Félix Lostau, além de José Manoel Moreno.
Em mais de 20 anos de carreira, o grande El Chaco foi
campeão nacional por 4 países diferentes [Argentina (36-37-41-42-47), México
(46), Chile (49) e Colômbia (55-57)], anotando 243 gols em 523 partidas. Vale
lembrar que Moreno também jogou no Boca Juniors. Foram apenas 22 jogos e seis
gols, em 1950.
“La Máquina”: Muñoz, Moreno, Pedernera, Labruna e Loustau (Crédito: El Clarín) |
Todo o sucesso conquistado nos clubes se repetiu, na medida
do possível, na seleção argentina. Em 14 anos vestindo a camisa albiceleste,
Moreno atuou em 34 jogos balançando as redes em 19 oportunidades. Os grandes
momentos do atacante na Argentina aconteceram nos campeonatos sul-americanos –
antigo nome da Copa América – de 1941 e 1947.
Moreno atuou pelo Boca em 1950 (Crédito: Jornal Mundo Deportivo) |
No vice-campeonato de 1942, Moreno chegou a marcar cinco
gols em um mesmo jogo. O recorde aconteceu no duelo diante do Equador vencido
por 12 a 0, maior goleada da história do torneio. O caminhão de gols feitos
neste jogo levou Moreno ao posto de 3º maior artilheiro de todos os tempos da
competição com 13 gols marcados.
Já quando o assunto é Copa do Mundo, Moreno não conseguiu
repetir as mesmas glórias dos torneios sul-americanos, simplesmente porque não
disputou nenhuma edição. Vivendo grave crise financeira, a Argentina não
participou das eliminatórias de 1938 e 1950 e no auge da carreira de Moreno
explodia a Segunda Guerra Mundial, que fez os Mundiais de 1942 e 1946 deixarem
de acontecer.
Talvez seja coincidência, mas talvez não. José Manuel Moreno
faleceu aos 62 anos, no dia 26 de agosto de 1978, pouco mais de dois meses
depois da primeira conquista da Argentina em Copas do Mundo.
Argentina Campeã Sul-Americana de 1941: Moreno é o segundo agachado da direta para a esquerda |
*Guilherme Semerene
Guilherme Semerene é jornalista por influência do pai, mas
usa o sobrenome da mãe. Goiano do pé-rachado, atualmente trabalha no site da
Jovem Pan e sonha com o ataque dos sonhos: Rafael Moura e Walter, abastecidos
por Rodrigo Tabata, no primeiro título nacional do Goiás.
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