A melhor sacada deste sábado é, sem dúvida, do veterano e
competente jornalista Mario Marona, que olha, pensa e vê o que a mídia diz,
mesmo quando não assume que diz.
As capas da Veja e da Istoé que começaram a circular sábado,
têm um raro momento em que mostram a verdade.
E a verdade, observa Marona, é que “a imprensa brasileira
nunca foi tão verdadeira ao confessar que, aqui, trata-se de um confronto entre
o juiz, que deveria ser imparcial, e o acusado, que deveria ter direito a um
julgamento honesto”.
Está claro agora porque Moro adiou por uma semana o
depoimento de Lula. Neste intervalo, providenciou uma procissão de
“convertidos”, que nunca acusaram Lula nos seus inúmeros depoimentos e, agora,
foram colocados contra parede: ou diziam o que se queria para tornar o
depoimento de Lula o clímax roteirizado do filme que produzem ou iriam seguir
mofando na cadeia.
Temos um juiz que dirige o processo para um final que está
desenhado desde o seu início.
A “investigação” e o julgamento “justo” não passam de uma
pantomima.
“Em qualquer lugar civilizado do mundo”, observa Marona, o
juiz avalia o resultado de “um duelo entre promotoria e defesa”.
Não em Curitiba.
As duas revistas confessam, em suas capas que quem duela com
Lula é o próprio juiz.
E, portanto, trata-se de uma luta onde não há quem, de fato,
seja o juiz, não parte.
Uma democracia jamais pode aceitar isso. E como não existe
processo fora da realidade, este processo, sempre suspeito, revela sua mácula,
sua nódoa irremovível.
A Justiça brasileira, ou ao menos o que resta de senso
jurídico no lamaçal que ela se tornou, deveria sanear este processo em que
Sérgio Moro, por deter o controle de todos os casos e em que os promotorers tem
o direito de negociar às escuras todas as “delações”, formando o quadro que
desejam, desde o início, com suas convicções.
E sanear deveria ser retirar Moro do caso, por óbvia
suspeição.
Claro que não o fará e, com isso, assumir, como instituição,
a parcialidade que nele não se esconde.
E, com isso, tornará verdadeira a frase com que Marona fecha
seu raciocínio: “Veja e Isto É revelam que já foi cravado o último prego no
caixão em que está sendo enterrada a justiça brasileira.”
Faltou apenas dizer que as suas garras levam junto com ela
qualquer possibilidade de sermos um país onde o Direito seja a fórmula de
composição dos conflitos humanos.
Com todos os seus “data vênia”, o Judiciário sacramenta a
selvageria e o vale-tudo como a forma de vivermos neste país,
Via - Tijolaço
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