Sua liderança é reconhecida tanto por religiosos de matriz
africana, quanto em outras religiões e até mesmo na política.
"Uma mulher de fala amorosa e muito valorosa para a
sociedade”, disse o padre Luís Corrêa Lima sobre a ialorixá / Vânia Laranjeiras
| SECRJ
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Fania Rodrigues
Brasil de Fato
Mulher, negra, cidadã com preocupações sociais e liderança
religiosa importante. Assim será lembrada a Mãe Beata de Yemanjá, que faleceu
no último sábado (27). Ela deixou um
importante legado na defesa das religiões de matriz africana, na luta contra a
intolerância religiosa e no combate à discriminação racial.
Uma devota do candomblé, Mãe Beata era admirada por pessoas
de variados setores da sociedade. “Ela era uma das mais notáveis ialorixás do
Rio Janeiro”, afirmou o deputado federal Jean Wyllys (Psol-RJ).
Para o padre católico Luís Corrêa Lima, a Mãe Beata de
Yemanjá era fonte de inspiração, símbolo de resistência cultural e religiosa.
“Sem dúvida ela exercia um papel de liderança. Além disso, uma mulher de fala
amorosa e muito valorosa para a sociedade”, disse o padre, que também é
professor de Teologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
(PUC-Rio). Ele explica ainda que participou, junto com a Mãe Beata, de algumas
passeatas contra a intolerância religiosa, realizadas todos os anos, sempre em
setembro, na orla de Copacabana.
“Para além da questão religiosa, Mãe Beata de Yemanjá tinha
uma preocupação social e desenvolvia muitos projetos comunitários de combate à
pobreza. Seu legado é enorme, tanto do ponto de vista religioso e da herança
ancestral, quanto do social”, destaca o babalaô Ivanir dos Santos, que conviveu
de perto com ela. Para Ivanir, Mãe Beata nunca vai morrer. “Seu corpo se foi,
mas ela continua entre nós, nos inspirando a cada dia”, destaca o líder
religioso.
Mãe Beata nasceu no Recôncavo Baiano e chegou ao estado do
Rio no final dos anos 1960. Fundou o terreiro Ilê Omi Oju Aro, em Nova Iguaçu,
na Baixada Fluminense, em 1985, e o comandou até o último dia. O local virou
patrimônio cultural e entrou para o mapa da cultura do estado do Rio. A
ialorixá também foi presidente da ONG Criola (organização de mulheres negras),
integrante do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher – CEDIM e conselheira do
Projeto Ató Ire – Saúde dos Terreiros e também da ONG Viva Rio.
Edição: Vivian Virissimo
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