Deputados apontam ainda que argumentos de presidente
golpista sobre denúncia de propina não convencem população.
Molon (esq.) com outros parlamentares entrando com
representação no Conselho de Ética do Senado para cassação do mandato de Aécio
Neves / Assessoria de Imprensa da Rede.
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Cristiane Sampaio
Brasil de Fato
O pronunciamento feito pelo presidente golpista Michel Temer
(PMDB), em cadeia nacional na tarde desta quinta-feira (18), provocou intensas
reações por parte da oposição na Câmara Federal. Para os referidos
parlamentares, ao não renunciar, o peemedebista estaria incentivando o
aprofundamento das crises política e econômica. Os deputados também apontam que
os argumentos utilizados para negar a acusação de que ele teria dado aval para
comprar o silêncio do Eduardo Cunha (PMDB-RJ) não convencem a população.
Para o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ), a permanência de
Temer no cargo seria uma estratégia para retardar as consequências penais dos
crimes cometidos, ao mesmo tempo em que ele ganharia tempo para organizar uma
eleição indireta que possa garantir a manutenção do grupo conservador no poder.
"Diante disso, só nos restam duas vias: primeiro, que o
TSE [Tribunal Superior Eleitoral] antecipe o julgamento [da chapa Dilma-Temer]
para a próxima semana, casse a chapa e leve o país para eleições diretas; a
segunda alternativa seria a cassação pela Câmara, por isso é fundamental que
Rodrigo Maia (DEM-RJ) [presidente da Casa] instale o quanto antes a comissão do
impeachment", completou Molon.
A declaração é uma referência aos pedidos de impeachment já
protocolados na Secretaria-Geral da Mesa Diretora desde quarta (17) à noite,
sendo um deles do próprio Molon. Entre os demais, estão um do deputado Joao
Henrique Caldas (PSB-AL), um da Rede Sustentabilidade e ainda um pedido
conjunto de seis partidos da oposição (PT, PSOL, PCdoB, Rede, PSB e PDT), que
protocolaram o documento no final desta tarde. Temer é acusado de cometer crime
de responsabilidade e obstrução à Justiça.
Crise
Molon e os demais parlamentares oposicionistas projetam que
a não renúncia tende a intensificar o cenário de crise nacional. "É
lamentável essa obstinação de Temer em se agarrar ao poder, porque ela vai
aprofundar a crise econômica e a instabilidade política. Não há caminho para a
recuperação do país que possa passar pelas suas mãos. Ele perdeu todas as
condições de conduzir o Brasil", disse o deputado da Rede.
Além de criticar o pronunciamento do chefe do Executivo, o
líder da bancada do PSOL, Glauber Braga (RJ), considerou improcedente a
argumentação de Temer de que o dinheiro dado a Eduardo Cunha seria uma espécie
de "ajuda humanitária". O peemedebista não falou oficialmente sobre
isso, mas a informação circula na grande imprensa como uma declaração que teria
sido dada por ele a aliados, no intuito de justificar o seu envolvimento no
caso.
"Temer não pode acreditar que a população brasileira
vai se convencer dessa tese. (…) É insustentável a presença dele à frente
Presidência da República e a notícia de que ele não renunciará só vai fazer com
que a crise se agrave", finalizou Braga.
Edição: Vivian Fernandes
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