Reportagem publicada no jornal O Globo neste sábado (29)
deve ter causado angústia no presidiário Eduardo Cunha e desespero nos
usurpadores que assaltaram o Palácio do Planalto. Ela informa que a
força-tarefa da Lava-Jato investiga os dois filhos do correntista suíço –
Danielle e Felipe Dytz da Cunha – pelo crime de lavagem de dinheiro.
O ex-presidente da Câmara Federal, que foi descartado por
seus comparsas após a concretização do "golpe dos corruptos", já
disse várias vezes que não vai se calar caso sua família seja presa. Ele
ameaçou ligar o ventilador no esgoto para atingir todos os que o traíram após o
trabalho sujo do impeachment. O Judas Michel Temer está na linha de tiro!
Segundo a reportagem, assinada por Paulo Celso Pereira e
Jailton de Carvalho, "as investigações da Operação Lava-Jato sobre os
supostos crimes do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) passaram agora a atingir
mais um filho do deputado: Felipe Dytz da Cunha. O Ministério Público Federal
apura se Felipe e a irmã Danielle Dytz da Cunha, ambos filhos do primeiro casamento
do ex-deputado, cometeram atos de corrupção e lavagem de dinheiro no esquema
montado pelo pai. A força-tarefa de Curitiba passou a investigá-los depois de
descobrir que a GDAV, empresa em nome de Felipe e Danielle, recebeu R$ 1 milhão
da Gol Linhas Aéreas entre 2012 e 2015".
A propina da Gol Linhas Aéreas
"Os recursos foram intermediados pela agência Almap
Publicidade e Comunicação, conforme documentos que deram base ao pedido de
prisão de Cunha, apresentado pelo Ministério Público. No mesmo período,
empresas vinculadas ao grupo Gol Linhas Aéreas repassaram mais de R$ 2 milhões
a Jesus.com e C3 Atividades de Internet, empresas em nome de Cunha, Danielle e
Cláudia Cruz, atual mulher do ex-parlamentar. Até ser preso, na semana passada,
Cunha deixava claro que estava preocupado com os avanços da Lava-Jato, mas o
que mais queria era preservar a mulher e os filhos. Os laços financeiros dele
com a mulher Cláudia Cruz já estavam em investigação avançada. Mas a descoberta
das movimentações nas contas dos filhos o deixou alarmado na prisão".
Danielle Dytz já era alvo de investigação devido ao uso de
um cartão de crédito lastreado em um das trusts de Eduardo Cunha. Os advogados,
porém, avaliavam que ela não seria denunciada pela Lava-Jato, já que recebeu o
cartão do pai e não tinha responsabilidade sobre as movimentações financeiras.
Agora, a situação dos dois filhos se complica. "A avaliação de Eduardo
Cunha é que, ao contrário do que ocorreu quando surgiram as primeiras denúncias
contra Danielle, agora será difícil convencer o Judiciário de que ela e Felipe
– maiores de idade e sócios da empresa – não tinham conhecimento de que a
empresa deles estava sendo usada para lavagem de dinheiro, fruto de atividades
ilegais".
Ainda segundo a matéria, a descoberta do repasse também deve
levar para o centro das investigações os donos da Gol Linhas Aéreas. A empresa
é suspeita de pagar propina ao deputado para que ele defendesse os seus
interesses no parlamento. Quando da prisão de Eduardo Cunha, os procuradores
informaram que não havia qualquer indício de que a GDAV e a Jesus.com “tenham
prestado algum serviço efetivo de publicidade compatível com os valores
repassados”... [Os donos da empresa aérea] deverão ser chamados para explicar
os repasses a Cunha e aos filhos do ex-deputado. Procuradores suspeitam que os
pagamentos seriam parte de suposta propina da Gol para Cunha no período em que
ele era um dos parlamentares mais influentes do Congresso Nacional".
Repatriação de recursos no exterior é negada
O temor do presidiário de que sua mulher e seus filhos
também acabem na cadeia cresce a cada dia que passa. Na semana passada, a
Justiça Federal em Brasília negou o pedido de Cláudia Cruz para participar do
programa de repatriação de recursos enviados ilegalmente ao exterior. A decisão
da juíza Diana Maria Wanderlei da Silva, da 5ª Vara da Justiça Federal, levou
em conta que "há indícios veementes, e que precisam ser esclarecidos, de
que os recursos e bens, os quais a demandante pretende a regularização como
lícitos, podem ser oriundos da persecução de crimes perpetrados, e, por
conseguinte, não sejam de titularidade da parte autora, se forem considerados
ilícitos".
Também na semana passada, o Tribunal Regional Federal da 4ª
Região negou um pedido de liberdade feito pela defesa de Eduardo Cunha. O
correntista suíço está detido na carceragem da Polícia Federal em Curitiba
desde 19 de outubro. O desembargador responsável pela rejeição do habeas corpus
citou o desprezo à lei e à Justiça, ao dizer que o ex-presidente da Câmara Federal
recebeu propina enquanto era parlamentar. Segundo a imprensa, o valentão já dá
sinais de desânimo na cadeia, o que só deve crescer com a notícia sobre a
investigação contra os seus filhos. Seu isolamento também se agrava. A revista
Época postou que a sua primeira mulher, Cristina Dytz, "está angustiada
com a exposição dos filhos na Lava-Jato" e "tem dito que o ex-marido
deveria responder sozinho pelo que fez".
Neste cenário de desespero, alguns "calunistas" da
mídia já dão como certa a delação do presidiário. Reinaldo Azevedo, o falso
moralista da revista Veja, nem esconde seu temor com os impactos destas
revelações, que podem implodir o covil golpista de Michel Temer. Diante do
pânico que se espalhou no Palácio do Planalto e nas redações da mídia, o demo
Rodrigo Maia, presidente da Câmara Federal, até tentou acalmar os falsos
moralistas. Num evento para a elite empresarial em São Paulo, na semana
passada, ele garantiu que a delação atingiria, "no máximo", 50
deputados federais e 15 empresas. A previsão "otimista", porém, não
convenceu nem os ricaços presentes. Alguns já tremem de medo!
O demo também garantiu que a possível delação não atingirá
"o presidente" Michel Temer. Mas não é o que parece. Logo que soube
da prisão do seu fiel aliado, ele antecipou o retorno da sua viagem de negócios
a Tóquio. Na ocasião, o jornal argentino Clarín revelou que o usurpador
convocou reunião de emergência para "conter a desgraça". A matéria
ainda destacou que o primeiro alvo do vingativo Eduardo Cunha seria Moreira
Franco, homem de confiança de Michel Temer, e que a delação poderia tumultuar a
correlação de forças no parlamento. Já a mídia brasileira, com o seu
chapa-branquismo descarado, ainda tenta evitar o clima de pânico, mas não está
nada fácil.
"O tesoureiro informal do PMDB"
Em uma longa reportagem na semana passada, a revista Época,
da famiglia Marinho, informou que "ação de Cunha como arrecadador informal
do PMDB em 2014 pode afetar Temer". Ela lembra que o lobista sempre
manteve sólidas relações com poderosos empresários. "Ele conhecia todo
mundo que doava e conhecia no PMDB todo mundo que receberia, ou deveria
receber, o dinheiro. Tornara-se, de certa maneira, um tesoureiro informal do
PMDB. Agora, esse tesoureiro está preso pela Lava-Jato – e seus segredos não
estão somente na Suíça. Cunha, portanto, conhece como ninguém os bastidores da
arrecadação do PMDB em 2014. Meticuloso, ele guardou documentos e anotou todos
os detalhes, incluindo valores e destinatários, das doações – legais e ilegais
– daquela campanha".
"Nelas, há até datas e locais de encontros com
empresários, lobistas e políticos do PMDB. Na pauta, sempre o dinheiro de
campanha. 'Ou dinheiro pago durante a campanha', disse ele recentemente a
amigos, com leve ironia. Ele se referia ao fato muito conhecido, nos bastidores
do poder, de que eleições são oportunidades para políticos ganharem dinheiro.
Afinal, uma vez na posse das contribuições, legais ou ilegais, dos empresários,
um político pode usá-las para produzir santinhos – ou produzir saldo em contas
na Suíça. Nos últimos meses, conforme a perspectiva de que fosse preso tornava-se
cada vez mais próxima, Eduardo Cunha, percebendo-se sem saída, reuniu os
documentos e organizou as anotações. Passava os dias – e as madrugadas –
consultando os arquivos, em papel e no computador, e a memória. Criou pastas
para cada alvo".
Não é para menos que Eduardo Cunha já ganhou o título de
"homem-bomba". Caso não aguente as noites frias na carceragem de
Curitiba e, pior ainda, veja o fim da blindagem à sua família, ele deverá topar
a delação premiada. "Cunha sabe que dificilmente sairá da cadeia, mesmo
que seja em alguns anos, sem fechar uma delação. Sabe também que sua família
corre risco considerável de ter o mesmo destino dele. E, para fechar uma
delação, ele sabe ainda que os procuradores exigirão, além de uma inequívoca
admissão de culpa, uma quantidade formidável de novos casos de corrupção – e
provas sobre casos em andamento. A extensa lista dos fatos que se dispõe a
esclarecer, caso as autoridades topem, começa precisamente por seu papel como
tesoureiro informal na campanha de 2014".
A matéria da Época ainda acrescenta em tom de preocupação.
"Cunha tem informações que podem ser determinantes para o desenrolar da
investigação que o Tribunal Superior Eleitoral conduz sobre as contas da chapa
que elegeu Dilma como presidente e Temer como vice. Já há provas abundantes de
que o dinheiro do petrolão abasteceu, seja no caixa oficial, seja no caixa
dois, a chapa de Dilma-Temer. Se os ministros do TSE avançarem no processo,
Michel Temer pode, no limite, ser cassado – e perder a Presidência, forçando
uma eleição indireta, via Congresso. Hoje, Temer e seus advogados fazem de tudo
para tentar separar as contas do PT e do PMDB. Ainda não obtiveram
sucesso".
"Eu quero falar, eu vou falar"
Na semana passada, o presidiário já havia sinalizado que
deseja firmar o acordo da delação premiada. Segundo o Jornal do Brasil, "o
deputado cassado Eduardo Cunha afirmou a seus advogados que está disposto a
prestar informações para colaborar com as investigações da Lava-Jato. 'Eu quero
falar, eu vou falar', teria afirmado... Processado por corrupção e lavagem de
dinheiro, ele está sujeito à uma sentença que, em tese, pode ultrapassar 20
anos, caso o juiz federal Sergio Moro opte por condená-lo às penas máximas
previstas pelos delitos a que responde". Se for fechado com o MPF o acordo
sobre sua delação, ele ficaria preso por um período mínimo de três anos.
Segundo relato de uma fonte ligada ao correntista suíço, "a questão agora
é preservar a sua família, salvar a sua mulher".
Como apontou Bernardo Mello Franco, um dos poucos
jornalistas críticos que ainda restam na Folha tucana, "a prisão de
Eduardo Cunha deu um baque no governo de Michel Temer e pôs fim à ilusão de que
a tormenta teria ficado para trás. Depois de semanas de calmaria, o novo regime
volta a navegar em mar revolto, com o vento soprando forte a partir de
Curitiba. A ameaça de uma delação premiada espalhou pânico em Brasília. Daqui
para a frente, passará a perturbar o sono de parlamentares, de ministros e do
presidente Michel Temer, velho aliado do novo detento".
"No pedido de prisão, o Ministério Público deixa claro
que o correntista suíço nunca deixou o núcleo do poder. 'Mesmo afastado da
Câmara dos Deputados, Cunha ainda mantém influência nos seus correligionários,
tendo participado de indicações de cargos políticos do governo Temer', afirmam
os procuradores. O ex-deputado pode ter sumido dos palácios, mas seus
apadrinhados continuam lá... Quem aposta no silêncio do ex-deputado pode botar
as barbas de molho. Antes de virar réu, ele disse que não entraria na mira da
Lava Jato. Entrou. Depois disse que não perderia o mandato. Perdeu. Nos últimos
dias, repetia que não fará delação premiada. Alguém acredita?".
Via – Blog do Miro
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