A atmosfera entre os espectadores já estava um pouco destoante do clima festivo de um sábado à noite, desde que Elomar solicitou de forma enérgica, no palco, que não fossem feitas fotos ou imagens dele, ressaltando que, ao contrário dos três colegas de show, ele não as autorizava. Apontando um a um os espectadores que continuavam a filmar, o compositor chegou a ameaçar deixar o palco, caso as câmeras de celular continuassem ligadas.
O compositor Vital Farias tentou atribuir sua rejeição aos "petistas" |
A atmosfera entre os espectadores já estava um pouco destoante do clima festivo de um sábado à noite, desde que Elomar solicitou de forma enérgica, no palco, que não fossem feitas fotos ou imagens dele, ressaltando que, ao contrário dos três colegas de show, ele não as autorizava. Apontando um a um os espectadores que continuavam a filmar, o compositor chegou a ameaçar deixar o palco, caso as câmeras de celular continuassem ligadas.
Foi quando Vital Farias, destacando o direito de Elomar de
não permitir filmagens, ressaltou ser um "cidadão brasileiro" e
resolveu abordar a "situação política" do País, fazendo, em suas
palavras, "uma homenagem à Lava Jato". A reação de grande parte do
público foi imediata: muitas vaias, gritos de "Fora Temer" e até
pessoas deixando o salão onde acontecia o show. Vital tentou continuar a
apresentação, cantando "Não me engana de novo", mas teve de interromper
a música, diante da indignação da plateia, que irrompeu em mais vaias, além de
manifestações em defesa do ex-presidente Lula e expressões de surpresa quanto a
este ser atacado por um nordestino.
Diante do visível constrangimento dos colegas de palco,
Vital afirmou que as pessoas que vaiavam seriam "do PT", o que só
aumentou a reação do público contra o compositor paraibano. Enquanto Geraldo
Azevedo preferiu permanecer em silêncio, diante da atmosfera pesada, coube a
Xangai tentar acalmar os ânimos, defendendo o direito de Vital Farias se
manifestar e dizendo também ter sua posição política, mas apontando que
preferia deixá-la fora do palco, em respeito às pessoas que saíram de casa para
assistir ao show - "muitas vezes, com sacrifício".
O estrago, porém, já estava feito. Apesar das beleza eterna
das canções de Xangai, Elomar, Geraldo Azevedo (que tentou dar prosseguimento
ao espetáculo com "Dia branco" e "Caravana") e do próprio
Vital Farias - como os clássicos "Veja (Margarida)" e "Ai que
saudade d´ocê" - e a despeito da emoção de rever os quatro compositores
reunidos no palco, os protestos do público cearense divergindo da fala de Vital
continuaram ao longo de todo o restante da apresentação. O show terminou com o
público entoando em massa o "Fora Temer" e recebendo inclusive o
apoio de Geraldo Azevedo, de braço levantado acompanhando o grito da multidão.
O público cearense deixou clara sua discordância quanto à tentativa de
"homenagem" à Lava Jato.
De Fortaleza, Dalwton Moura, especial para o Vermelho/CE
Via – Portal Vermelho
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