O balão de ensaio lançado pelo ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso, por meio do artigo de Xico Graziano, publicado nesta
quinta-feira, reflete não apenas as ambições de FHC, como também o
reconhecimento, por parte do PSDB, do risco de seguir acoplado até 2018 a
Michel Temer, cujo governo até agora só conseguiu produzir como resultado mais
recessão e mais desemprego; texto "Volta, FHC", de Graziano, visa
testar reações da opinião pública à tese de que só o ex-presidente tucano
poderia retirar o Brasil da crise produzida pelo golpe de 2016, que teve
participação direta do PSDB, desde a derrota na disputa presidencial de 2014;
Temer, que traiu Dilma, pode ter certeza de que já começa a ser traído pelos
aliados tucanos.
O PSDB decidiu se descolar de Michel Temer. Embora tenha
articulado o golpe de 2016 desde a derrota do senador Aécio Neves (PSDB-MG) em
2014, quando colocou a questão do impeachment da presidente eleita Dilma
Rousseff na ordem do dia, o partido avalia que é um risco muito alto seguir
acoplado ao projeto Temer até 2018.
Os motivos principais são dois. Na economia, até agora,
Temer só conseguiu aprofundar a recessão e o desemprego, assim como arrombar
ainda mais as contas públicas – o pretexto utilizado para retirar Dilma. No
campo judicial, Temer e vários de seus ministros deverão ser implicados nas
delações premiadas das empreiteiras OAS e Odebrecht.
Portanto, a tendência é que o PSDB faça avançar a ação que
pede, no Tribunal Superior Eleitoral, a cassação da chapa Dilma-Temer. Como o
tema só deve entrar na pauta do TSE em 2017, por decisão do ministro Gilmar
Mendes, o Brasil poderá ter eleições indiretas, caso Temer não consiga se
desvencilhar de Dilma no processo.
É nesse contexto que se insere o artigo de Xico Graziano, um
dos principais assessores de FHC, publicado nesta quinta-feira (leia aqui).
Autêntico balão de ensaio, ainda que Graziano diga não falar em nome de FHC, o
artigo visa testar as reações da opinião pública ao projeto do ex-presidente de
reassumir o poder, pela via indireta, aos 85 anos de idade, após quatro
derrotas presidenciais para o PT. Se colar, colou.
A única coisa certa é que Temer, que traiu a presidente
Dilma, não apenas nas articulações do golpe parlamentar, mas também ao colocar
em marcha um programa oposto ao que venceu nas urnas, já começa a ser traído
por seus aliados tucanos. Em plena luz do dia.
Via - Brasil 247
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