Segue a estratégia dos procuradores da Operação Lava Jato,
sob a coordenação de Deltan Dallagnol e o comando das investigações pelo juiz
federal de primeira instância Sérgio Moro, de incriminar o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, utilizando a condenação de figuras aliadas e próximas de
Lula para cercar a tese da teoria do domínio do fato.
Apesar de muitas ações na Justiça Federal do Paraná
utilizarem como meios de provas opções frágeis em denúncias, a maioria com base
em delações premiadas e poucos materiais corroborativos, é alto o risco para o
magistrado de Curitiba aceitar uma denúncia pouco sustentada contra o
ex-presidente.
Nessa linha, o próximo alvo da força-tarefa da Lava Jato é o
ex-ministro Antonio Palocci, peça considerada "chave" pelos
procuradores para fazer a ponte que falta para conectar todas as miras no grand
finale sob Lula.
O maior aliado dos investigadores, neste momento, é o
ex-senador cassado Delcídio do Amaral. Prestando as informações necessárias, de
fácil condução pelos delegados e procuradores, Delcídio prestou novo
depoimento, no dia 11 de outubro, reforçando a tese de que a responsabilidade
de todo o esquema estava sob o comando e o direcionamento do PT.
Nesse quebra-cabeça, o ex-ministro da Fazenda do governo
Lula e ex-ministro da Casa Civil no governo Dilma, Palocci atuaria de forma
ilícita para beneficiar a empreiteira Odebrecht na contratação de estaleiros e
construção de plataformas e navios-sonda pela Petrobras, incluindo negócios dos
campos do pré-sal.
Os acertos da estatal envolveram mais de US$ 21 bilhões, sem
comprovações ou sequer sinais de quanto seriam proporcionais a desvios. Nesse
emaranhado de conexões anunciadas por Delcídio a Dallagnol e sua equipe, também
estaria envolvida a empresa Sete Brasil.
Os investigadores já vinham apontando a mira, ao longo da
Lava Jato, sobre os contratos fechados pela Sete Brasil, sociedade da Petrobras
com os bancos BTG Pactual, Bradesco e Santander, além dos fundos de pensão
Petros, Previ e Vale do Rio Doce. Isso porque a Sete foi a responsável pelos
contratos de estaleiros de 28 plataformas e sondas para a estatal, que hoje são
deflagrados pelo esquema. Neste cenário, Palocci teria participado da criação
da Sete Brasil.
A tese sustentada pelos procuradores é que a empresa foi
criada como um dos braços da Petrobras com o objetivo exclusivo ou prioritário
para o milionário esquema de corrupção. Sob essa alegação, Palocci seria
responsabilizado.
"O modelo de cobrança de propina, que já existia na
Petrobrás, foi levado também à Sete Brasil. (...) Palocci participou de toda
estruturação econômica da Sete Brasil", concluíram assim os
investigadores.
O raciocínio é o mesmo seguido nas 120 páginas de denúncia
contra o ex-ministro. Mas, sem deixar de mostrar os objetivos seguintes e
final, a peça não inclui apenas Palocci,
mas os marqueteiros de campanhas do partido, João Santana e Monica
Moura, o empreiteiro Marcelo Odebrecht, os ex-funcionários da Petrobras Renato
Duque e Eduardo Musa, além de outros nove denunciados, em um total de 15 alvos.
"Antonio Palocci tinha uma tarefa bem determinada:
fazer a ponte entre o governo e os empresários, alimentar as estruturas de
poder (as campanhas). Era a prioridade de Antonio Palocci", entregou
Delcídio o trecho mais importante de suas narrações aos procuradores.
"Em depoimento complementar prestado ao Ministério
Público Federal, Delcídio do Amaral revelou que: 'Antonio Palocci sempre atuava
na formatação dos grandes projetos do governo (estruturação dos consórcios,
organização dos leilões); que Antonio Palocci era como se fosse o 'software' do
Partido dos Trabalhadores, enquanto João Vaccari e José Di Filipi eram
'hardware', ou seja, executores daquilo que Antonio Palocci pensava e
estruturava", completaram.
E o desfecho: "Segundo demonstraram os diversos e-mails
apreendidos com Marcelo Odebrecht e com outros executivos do grupo, a
interlocução ilícita estabelecida com Antonio Palocci se deu, seguramente,
desde o período em que Antonio Palocci exercia o cargo de Ministro da Fazenda
do Governo Lula".
http://jornalggn.com.br/sites/default/files/documentos/denuncia-palocci_0.pdf
Via - Jornal GGN
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