Depois de ter admitido que cobrou uma revisão da posição do
Iphan, que embargou a obra de um apartamento de R$ 2,4 milhões comprado por
ele, o ministro Geddel Vieira Lima agora afirma que não fez pressão e diz que o
fato de ter um imóvel no prédio não lhe tira legitimidade para interferir num
assunto que não é da sua área.
Depois de ter admitido que pressionou o Iphan a rever o
embargo de uma obra onde tem um imóvel de R$ 2,4 milhões, o que constitui crime
de advocacia administrativa, por ter usado um cargo público para defender seu
interesse pessoal, o ministro Geddel Vieira Lima concedeu uma entrevista ao
jornalista Gustavo Uribe, do Brasil 247, e negou ter pressionado o ex-ministro
da Cultura, Marcelo Calero, a despeito de todas as evidências que apontam na
direção inversa.
"Eu tratei com ele do tema, com a transparência que o
tema exigia, fazendo ponderações de um assunto que está judicializado. Em
nenhum momento houve pressão. E a maior demonstração disso, e que torna a
questão dele ainda mais incompreensível, é que a posição final que prevaleceu
foi a dele", disse Geddel.
Na verdade, Calero não só perdeu a disputa, como se demitiu
do cargo, alegando que Geddel foi truculento e queria obrigá-lo a participar de
uma maracutaia.
O ministro também disse que não se vê impedido de tratar do
tema – que não tem qualquer relação com a sua atividade governamental – pelo
fato de ter comprado uma unidade no empreendimento.
"Em 2015, eu fiz uma promessa de compra e venda de uma
unidade que estava lançada, sem nenhum problema, com todas as licenças
colocadas e que vários outros adquiriram uma unidade de apartamento. O que não
me tira, me dá legitimidade para levar a ele um problema por conhecer o que
estava ocorrendo, estar preocupado, como todo cidadão fica preocupado em uma
situação dessa", disse ele.
Geddel também sugeriu que Michel Temer não condições de
demiti-lo. "O presidente tinha lido a entrevista, ficou também sem
entender as razões, até porque o Calero não colocou essas razões para ele e se
especulou o que tinha havido. O presidente chegou a fazer um apelo para que ele
permanecesse na função. E orientou que eu procurasse responder com a
tranquilidade que eu estou respondendo, com a verdade. Manifestou seu respeito,
carinho e apoio à nossa posição", disse ele. "Eu conheço o presidente
há 25 anos. Eu não preciso que ele manifeste confiança para saber até quando
ele confia em mim."
Fonte: Brasil 247
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