Enquanto senadores debatiam proposta que propõe congelamento
de investimentos públicos por 20 anos, protesto contrário à PEC resultou em
feridos e detidos.
O Senado aprovou nesta terça-feira (29), em primeiro turno, por 61 votos a favor e 14 contrários, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, que prevê o congelamento dos investimentos públicos federais por 20 anos. Na Esplanada dos Ministérios, o protesto realizado por movimentos sociais contra a proposta do governo Michel Temer foi duramente reprimido pela Tropa de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal. A sessão plenária que antecedeu a votação não teve espectadores. O Parlamento fechou as portas para a sociedade.
A proposta, que institui o Novo Regime Fiscal, foi
apresentada em junho pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e se for
aprovada ainda este ano como pretende o governo, terá tramitado em tempo
recorde no Congresso, segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar
(Diap).
Os senadores da oposição utilizaram seu tempo de
encaminhamento da votação para protestar contra a proibição de que
manifestantes pudessem acompanhar os trabalhos no plenário.
“Parece-me que têm medo do povo. Vamos para o referendo,
porque ninguém foi eleito com esse programa. Dilma não foi eleita com esse
programa, muito menos Temer. Então, vamos para o referendo. Faça-se uma
pesquisa isenta e vamos ver quem está a favor. Esse debate deveria se estender
mais, devia não ter essa pressa toda”, disse a senadora Regina Sousa (PT-PI).
Para a senadora Vanessa Grazziotin(PCdoB), “aprovar uma
medida como essa, que mantém intactos os gastos financeiros, ou seja, pagamento
de juros e serviços da dívida pública, que consome a metade do Orçamento e
cortando somente recursos para a aplicação em infraestrutura e programas
sociais, é dessa forma que eles pensam que estão defendendo a população
brasileira? Não!”
Adilson Araújo, presidente da CTB, afimou que “é lamentável
que esse Congresso, mais venal da história do país, esteja a legislar contra a
democracia, contra o Estado Democrático de Direito, e queira pôr fim a direitos
sagrados da nossa tão sofrida classe trabalhadora. Eles pretendem congelar
investimentos, querem promover um profundo retrocesso e assim desconstruir a
nação”.
O presidente da CUT, Vagner Freitas, disse que este é um
triste dia para o Brasil. “Sou testemunha da violência contra a manifestação,
em sua maioria estudantes. O impeachment, a renúncia, a saída do Temer é
necessária. Estamos vivendo um estado de exceção”, afirmou Freitas.
Violência e infiltração
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) comentou no Facebook que
com “extrema violência, gás e bombas, a Polícia Militar do DF massacrou
estudantes que realizavam manifestação, em frente ao Congresso Nacional, contra
a PEC 55. Militantes de extrema-direita estavam infiltrados na manifestação
provocando quebra-quebra para causar tumulto e ação da polícia contra os
estudantes”.
O vídeo abaixo mostra o policial afirmando ao deputado Pepe
Vargas (PT-RS) que tinha ordem do “comandante” para avançar:
O deputado relatou que uma mulher que protestava foi
agredida. Já no chão, teve a cabeça chutada por um policial, provocando
indignação dos manifestantes. Pimenta disse que parlamentares do PT chegaram ao
local para negociar o fim do massacre, mas que as autoridades policiais “não
aceitaram qualquer acordo, e continuaram avançando sobre a população”. “Os
deputados e deputadas por diversas vezes tentaram fazer um cordão em frente aos
policiais, em uma tentativa de proteger os manifestantes.”
Pimenta afirmou que tentou intervir de maneira reiterada,
pedindo à Polícia o fim dos ataques, do gás e do lançamento de bombas, para que os
parlamentares pudessem conversar com os estudantes. Mas, como afirmou um
policial, a ordem era “atacar”. “Acredita-se que a ordem de ataque possa ter
vindo do Palácio do Planalto, por meio do ministro da Justiça, Alexandre de
Moraes, já que a operação que ocorreu nesta tarde em Brasília conteve muita
violência, semelhante às ações da Polícia Militar de São Paulo, quando Moraes
era secretário de Segurança de Geraldo Alckmin.”
A União Nacional dos Estudantes (UNE), uma das entidades
organizadoras da manifestação, emitiu nota sobre a repressão policial. Diz a
nota da entidade estudantil:
UNE repudia violência policial em Brasília
A União Nacional dos Estudantes afirma que a manifestação
organizada pelos movimentos estudantis e sociais neste dia 29 de novembro em
Brasília foi um ato pacifico, democrático e livre contra a PEC 55. Não
incentivamos qualquer tipo de depredação do patrimônio público. O que nos
assusta e nos deixa perplexos é a Polícia Militar do governador Rolemberg jogar
bombas de efeito moral, gás de pimenta, cavalaria e balas de borracha contra a
estudantes, alguns menores de idade, que protestam pacificamente. Esse é o
reflexo de um governo autoritário, ilegítimo e que não tem um mínimo de senso
de diálogo.
União Nacional dos Estudantes
29 de novembro de 2016
Via - Portal Vermelho
Nenhum comentário:
Postar um comentário