A FOTO DO EX-GOVERNADOR Sérgio Cabral com a cabeça raspada e uniforme da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) após dar entrada no presídio de Bangu 8, no Rio de Janeiro, ficou entre as notícias mais lidas nos portais de informação do Brasil nesta sexta-feira, dia 18. Ela é motivo de preocupação para outros 11 ex-governadores: aqueles que estavam comandando os estados que receberam partidas da Copa do Mundo em 2014.
O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral foi preso
sob acusação de chefiar esquema de desvios de R$ 224 milhões em obras
financiadas pelo governo federal, entre elas a reforma do Maracanã para a Copa
de 2014.
A prisão de Cabral "é motivo de preocupação para outros
11 ex-governadores: aqueles que estavam comandando os estados que receberam
partidas da Copa do Mundo em 2014", concluiu Helena Borges, no The
Intercept.
O caso retoma, ainda, a Comissão Parlamentar Mista de
Inquérito para investigar as heranças da Copa, todas as obras encomendadas.
Proposta em 2013, a CPMI não saiu do papel.
Sugerido por Manu Guitars
Por Helena Borges
Cabral foi preso pelo Maracanã, mas ainda há 11 estádios (e
governadores) na mira pelo país
The Intercept
A FOTO DO EX-GOVERNADOR Sérgio Cabral com a cabeça raspada e
uniforme da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) após dar
entrada no presídio de Bangu 8, no Rio de Janeiro, ficou entre as notícias mais
lidas nos portais de informação do Brasil nesta sexta-feira, dia 18. Ela é
motivo de preocupação para outros 11 ex-governadores: aqueles que estavam
comandando os estados que receberam partidas da Copa do Mundo em 2014.
O ex-governador Sérgio Cabral sendo fichado em Bangu 8.
Cabral foi preso por chefiar um esquema de corrupção que
desviou R$ 224 milhões dos cofres públicos. O dinheiro deveria ter sido gasto
em obras financiadas pelo governo federal, entre elas a reforma do estádio
Maracanã para a Copa do Mundo de 2014. As construções ou reformas dos 12
estádios, que custaram R$ 8,3 bilhões, foram feitas pelas mesmas empreiteiras
investigadas na operação Lava-Jato.
Em alguns casos, investigações foram abertas pela Polícia
Federal, ou assembleias estaduais e municipais começaram a tomar providências
para investigar as obras. A Assembleia do Rio, motivada pela prisão do
ex-governador, abriu duas CPIs, uma delas sobre a Copa.
Isso nos leva à seguinte questão:
Cadê a CPI da Copa?!
A prisão do ex-governador do Rio de Janeiro evoca a tão
pedida Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) no Congresso Nacional
para investigar as obras da Copa. Parlamentares foram ao púlpito na Câmara e no
Senado para pedir CPIs e investigações,
mas, na hora de colocar o discurso em prática, não demonstraram tanta gana
quanto sob a mira das lentes da TV Senado.
Proposta em 2013 pelo deputado Izalci (PSDB), a comissão não
saiu do papel por falta de assinaturas. Era necessário o endosso de 27 senadores
e 171 deputados para que os trabalhos fossem abertos. Porém, quatro senadores
retiraram suas assinaturas em cima da hora, impossibilitando a criação da
comissão. Foram eles: Zezé Perrela (PDT-MG), João Durval (PDT-BA), Jayme Campos
(DEM-MT) e Clésio Andrade (PMDB-MG).
“Na época em que eu coletei as assinaturas já havia uma
pressão do governo para não haver a CPMI. Houve uma atitude que prejudicou as
investigações, porque eles tinham assinado e, pouco antes da meia-noite, que
era o prazo para assinaturas, mandaram retirar. Então já era um sinal de que
havia alguma coisa e eles não queriam apurar”, lembra o deputado Izalci, que
acredita que este assunto “ficou na gaveta, mas virá à tona com a Lava Jato”.
Ele prevê que, com a investigação sobre as empreiteiras, logo aparecerão
informações sobre os estádios.
Em 2015, o assunto voltou a ser abordado no Congresso, dessa
vez, na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR). Na audiência
pública realizada dia 9 de dezembro, representantes do Tribunal de Contas da
União (TCU) e do Ministério das Cidades fizeram apresentações mostrando
relatórios sobre suas análises acerca das obras, principalmente de
infraestrutura e transporte. A conclusão é dura: foram investidos mais de R$ 25
bilhões, mas há um conjunto de obras de mobilidade e de infraestrutura ainda
não finalizado.
Mesmo um ano depois da competição, ainda havia sinal de
obras atrasadas ou entregues de forma incompletas. Abaixo, um extrato da
apresentação do Ministério das Cidades com o status das obras de mobilidade
pelo país:
Intercept Brasil tentou entrar em contato com os técnicos do
Ministério das Cidades e do TCU sobre o status atual das obras. O secretário
Rafael Jardim Cavalcante atualmente trabalha em uma secretaria especial criada
para averiguar as contas da Lava Jato, ele respondeu por meio de assessoria que
“agradece o convite, mas declina”. Já Luiza Gomide de Faria, então diretora do
Departamento de Mobilidade Urbana do ministério, foi exonerada após o
impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. A reportagem entrou em contato com
a assessoria de imprensa do ministério, que não pode responder.
A última saída para o debate deste assunto no plenário seria
a CPI do Futebol, que se propôs a investigar o comitê organizador local (COL) e
a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Mas o grupo se limitou a investigar
os cartolas, deixando de lado as obras. O relator, senador Romero Jucá (PMDB)
entregou o relatório em maio e, desde então, os trabalhos estão parados.
A falta de respostas e de vontade para debater o assunto no
Congresso mostra que a classe política não tem interesse pelo assunto. Talvez
as fotos de Sérgio Cabral guardem o motivo.
Via - Jornal GGN
Nenhum comentário:
Postar um comentário