Há 180 dias no poder após impor um golpe contra o mandato da
presidenta Dilma Rousseff, Michel Temer (PMDB) aproveitou a seleta plateia de
empresários de um evento promovido pela Confederação Nacional da Indústria
(CNI) para dizer que seu governo está desmontando um “ciclo perverso” pelo qual
passava o país, mas que, nas suas contas, está no poder há apenas 60 dias.
“Querem que o governo assuma e dois meses depois o céu
esteja azul. Não é assim. Isso leva tempo”, tentou justificar Temer sobre a
situação econômica do país. Quando assumiu, Temer prometeu que seu governo
seria de “salvação nacional”, mas as medidas que tomou só agravaram o quadro de
recessão.
Temer, no entanto, disse que “a retomada do emprego é algo
que demora”, mas espera que no segundo semestre de 2017 o PIB não seja
negativo. “Se não for, que nos cobrem”, avisou.
Ele afirmou que a aprovação da PEC 241, agora PEC 55 em
tramitação no Senado, e outras medidas de arrocho fiscal garantirão a retomada
da geração de emprego e de registrar melhora no Produto Interno Bruto. Disse
também que está cumprindo toda a cartilha do mercando financeiro para assegurar
que o país tenha uma boa avaliação das agências internacionais, ligadas à
especulação financeira.
O golpista também se sentiu à vontade para dizer mais uma
vez – como se mandasse um recado – que não há necessidade de manter o Bolsa
Família por muito tempo, pois o programa de transferência de renda deve ser
somente uma “passagem”.
Disse que “temos uma sociedade muito facetada” com “gente
rica, classe média, pobre e paupérrima”. E que, assim como os investimentos
públicos que quer congelar por 20 anos com a PEC dos gastos, “ninguém espera
falar do Bolsa Família daqui a 20 anos”.
“Deve ser uma passagem, de modo que não haja mais
necessidade para o Bolsa Família”, afirmou Temer, emendando que, por enquanto,
vai manter.
Temer destacou que seu governo busca os “investimentos
privados” em áreas estratégicas, como tenta fazer com a abertura do pré-sal
para o capital estrangeiro. Declarou ainda que o “padrão de despesas” que se
consolidou nos últimos anos “se tornou insustentável”.
“Precisamos então começar cortando na carne, portanto
limitar os gastos públicos”, disse ele, ao se referir à PEC que congela os
investimentos públicos por 20 anos cortando o orçamento de saúde e educação,
além dos programas sociais, ou seja, a carne que se refere é a do povo
brasileiro.
Durante o discurso, Temer voltou a citar a
ex-primeira-ministra da Inglaterra, Margareth Tatcher, que foi responsável por
implementar o aprofundamento do liberalismo com redução do Estado e forte papel
do mercado na economia. “Vi um discurso da Tatcher, em que ela dizia: ‘olha,
saiba você que não existe dinheiro público. Dinheiro sempre vem do setor
privado. Quem está pagando é você. Ou você controla, ou a generosidade
desaparece’. O Estado é como a sua empresa. Você não pode gastar mais do que
arrecada. Essa é a proposta singelíssima da PEC dos gastos públicos”, disse
Temer.
Ele aproveitou para dizer que depois da PEC “sequencialmente
ou paralelamente” mandará, ao Congresso Nacional, a proposta para reforma da
Previdência Social para arrochar as aposentadorias. “Aprovado o teto, é
fundamental que se faça uma reforma da Previdência nesse país.”
Via - Portal Vermelho
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