O presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou nesta
terça-feira (15) em La Paz que repudia as acusações dos Estados Unidos de que o
país não teria cumprido seus compromissos contra o tráfico e a produção de
drogas. "O governo da Bolívia repudia de forma rotunda a acusação dos
Estados Unidos, porque a luta contra o narcotráfico de nosso país é exemplo
para o mundo", ressaltou Evo, em uma coletiva de imprensa no Palácio do
Governo.
Evo lembrou que sobram exemplos de ações da Bolívia contra o
narcotráfico e rememorou a série de felicitações recebidas de organismos
internacionais que, ao contrário dos EUA, reconhecem o trabalho realizado pelo
governo através da Polícia Antidroga e da Força Especial de Luta Contra o
Narcotráfico (FELCN) no sentido de extirpar esse mal.
As declarações do presidente boliviano acontecem em seguida
ao relatório apresentado pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao
Congresso de seu país, em que marca a Bolívia, a Venezuela e Mianmar como os
países "que descumpriram seus compromissos na luta contra o narcotráfico
nos últimos 12 meses".
Em relação a isso, Evo assegurou que os Estados Unidos não
têm argumentos sólidos para acusar a Bolívia e classifica esse procedimento
como uma ação política que o Departamento de Estado do país norte-americano
exerce contra a Bolívia.
"O que é que não cumprimos?" perguntou Evo.
"Não ter um centro de reabilitação para dependentes, que a Justiça não
acompanha o governo na luta contra o flagelo, é certo, mas nosso trabalho é
muito diferente do feito pelos Estados Unidos neste contexto, porque a realidade
mostra que sua política contra o narcotráfico é um fracasso em todo o
planeta", destacou.
"Podemos falar de muitos países que padecem deste
problema. Por exemplo, na Colômbia, que tem em seu território sete bases
militares estadunidenses e milhares de homens do DEA (o departamento que cuida
do combate às drogas nos EUA), o cultivo de coca passou de 48 mil hectares em
2013 a 62 mil no último relatório da ONU. Ao mesmo tempo, na Bolívia, caiu de
23 para 20 mil hectares. De que nos acusam?", reiterou.
Evo também fez questão de lembrar que quando o DEA deixou a
Bolívia, havia mais de 30 mil hectares com plantação de coca e, agora, das 20
mil existentes, 15 mil plantam coca para consumo tradicional, sendo que apenas
5 mil estão nas mãos de delinquentes.
O presidente destacou que esses avanços foram obtidos sem a
intromissão dos Estados Unidos e sublinhou que o programa da Bolívia contra o
narcotráfico é debatido atualmente em todo o mundo, porém não por um "mal
trabalho", mas sim pela eficiência que apresentou.
"Reitero que a luta contra o narcotráfico na Bolívia é
modelo para o mundo, por isso não aceitamos a acusação dos Estados Unidos, que
são, além de tudo, o maior infrator neste sentido", finalizou.
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