Por Gabriel Hilair.
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Indicado a este blogue por João Pedro Mariano
Você, pessoa branca, constantemente apresenta a tendência de
querer tomar para si o protagonismo de todas as lutas. Acha que pode escrever e
falar sobre racismo. Acha que pode lutar lado a lado comigo contra o racismo.
Acha que pode falar sobre o quanto o racismo tem impacto na minha vida. Mas,
como branco, não tem a menor ideia sobre o que é racismo e, por consequência,
não sabe nada sobre a opressão que eu sofro.
Só através do convívio com pessoas negras e ouvindo-as
sinceramente acabará compreendendo que não, você não tem a exata dimensão do
que é ser negro. Não. Você não sabe o que é viver como negro e nunca vai saber.
Você nunca vai compreender exatamente o que é sofrer racismo ou como é crescer
e ter que conviver com a sensação de não ter a aparência socialmente aceita.
Por mais revoltante, sem sentido e escroto que você ache o
racismo. Não sabe nada sobre ele. Simplesmente porque nunca o sofreu. Você pode
se indignar com atitudes racistas, com declarações racistas, pode colaborar com
a luta contra o racismo, mas jamais colocar-se como protagonista nesse
movimento porque, enquanto branco, embora em potencial, você permanece sendo
meu opressor.
O racismo, quer você queira, quer você não queira, te
beneficia. E, inevitavelmente, em algum momento da sua vida, você vai usar dos
seus inúmeros privilégios. Então por que perceber essas questões é tão
importante? Para que você não tome o meu lugar de fala, para que você não me
silencie, para que você não tente roubar o meu protagonismo.
Você acha que dói em você o racismo. Não dói. Não dói porque
quando você entra em um estabelecimento comercial, não é seguido por seguranças
e nem desconfiam de você apenas pela cor da sua pele. Sua vivência não é
marcada pelo abuso de poder da polícia militar como a de muitos negros,
especialmente periféricos, que apanham e são presos e mortos sem causa. Seu
psicológico não foi destruído pelas práticas racistas desde os navios negreiros
e a baixa auto estima não é inerente ao seu povo. Não te reduzem à um pau
grande ou à um quadril largo.
Apesar de você achar que cor de pele não faz diferença,
saiba que ela faz toda a diferença sim. É por causa da sua pele branca que você
é aceito pela sociedade e eu não. Ser branco diz respeito apenas à cor da sua
pele, mas ser negro, além de dizer respeito à cor da minha pele, diz respeito
sobre como as pessoas me vêem, à minha auto estima e às minhas experiências
como alvo de preconceito e discriminação.
Então, miga, seje menas.
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