Estaria mais perto da realidade o antigo sonho dos
separatistas da Catalunha em deixar de pertencer à Espanha?
Da Agência Lusa
As eleições na Catalunha, convertidas num referendo “de
fato” sobre a soberania da região, terminaram com os partidos pró-independência
obtendo maioria absoluta em deputados, mas falhando no objetivo de reunir mais
da metade dos votos populares.
As eleições na Catalunha, convertidas num referendo “de
fato” sobre a soberania da região, terminaram com os partidos pró-independência
obtendo maioria absoluta em deputados, mas falhando no objetivo de reunir mais
da metade dos votos populares.
Com quase 99% dos votos contabilizados, a principal
plataforma pelo sim à independência, a Junts pel Si (Juntos pelo Sim, do
presidente Artur Mas) conseguiu 62 deputados, a seis de conseguir sozinha a
maioria absoluta. No entanto, o outro partido que defende uma declaração de
independência, a CUP (Candidatura de Unidade Popular, de extrema esquerda),
obteve dez deputados.
Os dois juntos poderiam aprovar uma declaração de
independência no novo Parlamento catalão. No entanto, não é certo que isso
ocorra, uma vez que a CUP sempre defendeu maioria popular e ambos os partidos
não registaram mais do que 47,8% dos votos (os partidos contrários à esta via
obtiveram 52,2% dos votos).
Por outro lado, a CUP já afirmou que não votará
favoravelmente à eleição de Artur Mas como novo presidente regional (nas
eleições na Espanha, o povo elege os deputados e esses depois votam no
Parlamento para escolher o presidente regional, o que permite acordos
pós-eleitorais).
Os líderes da Junts pel Si declararam-se triplamente vitoriosos,
ao considerar que "ganhou o sim, em votos e assentos, ganhou a
democracia" e ganhou a Catalunha porque se realizou um plebiscito sobre a
independência.
Artur Mas (Convergência Democrática Catalana), Oriol
Junqueras (Esquerra Republicana Catalana) e Raul Romeva – unidos na Junts –
consideram ter obtido "um mandato claro" para avançar com a separação
em relação à Espanha.
O restante dos partidos, com a exceção da CUP, considerara
que Artur Mas perdeu o plebiscito, uma vez que a definição de vitória num
referendo depende da obtenção de 50% dos votos mais um. Os partidos do
"não" conseguiram mais cerca de 150 mil votos que o "sim".
O grande vencedor da noite foi o partido Ciudadanos (uma
formação que começou na Catalunha e que se tornou um emergente no âmbito
nacional), pois o partido de Albert Rivera passou dos atuais nove deputados no
Parlamento catalão para 25, com mais de 700 mil votos, e lançou avisos ao PP em
Madrid de que terão de contar com ele para as eleições gerais.
Já o PP catalão perdeu oito deputados em relação a 2012 e,
ao contrário de todos os outros partidos, o seu líder nem apareceu na noite das
eleições, cabendo as declarações a um dos integrantes da cúpula popular.
O Podemos também classificou de "decepcionante" os
resultados obtidos na Catalunha, mas considerou-se "um partido que apostou
na responsabilidade" e lançou críticas a Artur Mas e ao presidente do
governo central, Mariano Rajoy.
A noite eleitoral terminou com todos os lados fazendo
leituras diferentes, os defensores do "sim" agitando bandeiras da
Catalunha independente e cantando o Hino da Catalunha, enquanto o candidato da
CUP se despedia do Estado espanhol, mas com poucas pistas sobre o que se poderá
passar agora, quer nas negociações para constituir o Parlamento, nomeadamente o
nome do possível presidente, quer sobre a existência de condições para avançar
com o processo de independência.
Via – Brasil de Fato
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