A Receita Federal anunciou que vai apressar a cobrança de
impostos até o início do mês de outubro deste ano, através de ações para
recuperar, de mais de 400 contribuintes que devem a quantia astronômica de R$
20 bilhões.
Para se ter uma ideia, a quantia sonegada por 400 pessoas
daria para pagar, por exemplo, todo o Orçamento da União referente ao maior
programa habitacional do governo, o Programa Minha Casa, Minha Vida que foi
calculado em R$ 19,3 bilhões de investimentos em 2015. E olha que este programa
foi o que recebeu maior volume de recursos durante 2015.
A medida causou furor em parte da imprensa que abordou com
ar de polêmica à ação de recuperação da Receita que faz parte da cobrança
administrativa e que apenas pretende recuperar dinheiro que foi sonegado ou que
não foi pago e cuja cobrança está em tramitação há mais de três anos.
Segundo a Receita, a primeira leva de cobranças engloba 411
empresas e 23 pessoas físicas que devem "pouco" mais de R$ 10
bilhões. A maioria dos envolvidos já recorreu ao Conselho Administrativo de
Recursos Fiscais (Carf), órgão que foi alvo de operação da Polícia Federal no
início do ano, por justamente, segundo investigações da Operação Zelotes,
conselheiros suspendiam julgamentos e alteravam votos em favor de empresas em
troca de pagamentos.
Mesmo assim, a descoberta de mais de 19 bilhões pagos em
propinas, apenas para barrar as ações no Carf não viraram escândalo para a
grande imprensa brasileira.
Segundo dados do Sindicato Nacional dos Procuradores da
Fazenda Nacional (Sinprofaz), o equivalente a 30% do valor arrecadado em
impostos no Brasil é sonegado. Para se ter uma ideia, em 2013, os brasileiros
sonegaram o equivalente a uma Suécia e uma Bolívia em impostos.
Em 2014 foi sonegado mais de R$ 417 bilhões. De janeiro a
agosto deste ano, a sonegação no Brasil atingiu R$ 327 bilhões e o estoque da
dívida ativa da União deve chegar a R$ 1,5 trilhão até o fim do ano.
Segundo a Sinprofaz, a maior parte de quem sonega são
pessoas jurídicas. O setor industrial é o que concentra a maior parte dos
débitos tributários. Grandes indústrias devem R$ 315,7 bilhões do total de R$
1,1 trilhão da dívida ativa registrada até julho. O comércio está em segundo
lugar, com R$ 278,8 bilhões. Construção civil e agricultura ocupam os sétimo e
décimo lugares, com R$ 49 bilhões e R$ 19 bilhões, respectivamente.
Cumprimento da lei
A Receita anuncia que aplicará punição àqueles que não
cumprirem a lei. Os devedores terão 30 dias para pagar ou parcelar o que devem,
após receber a notificação. Elas englobam desde a perda da concessão serviços
públicos e a exclusão de programas como o Refis.
A Receita afirma que todos os débitos que serão alvo da
cobrança são exigíveis que já tiveram todo o processo de recurso possível
concluído. As dívidas têm em média de 3 a 5 anos, mas há casos de mais de 10
anos e a Receita afirma que o objetivo não é cassar concessão de ninguém, mas
fazer com que o contribuinte regularize os débitos.
Há também a previsão de comunicação imediata a órgãos como o
Ministério Público de possíveis crimes a serem investigados no âmbito penal,
como apropriação indébita e fraude.
Sob a tutela da elevada carga tributária no Brasil há quem
diga que sonegar não é crime. É crime, mas não dá cadeia. A Lei 8.137/90 que
define os crimes contra a ordem tributária comina pena de reclusão de dois a
cinco anos e ainda que condenado o sonegador terá direito ao regime aberto, e
se em regime semi-aberto, terá direito ou a suspensão condicional da pena, ou a
substituição da pena corporal por serviços à comunidade, salvo se a pena for
superior a quatro anos o que é muito raro.
Via – Aposentado Invocado
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