Cristovam Buarque fez uma confissão no plenário do Senado
que, em circunstâncias normais, estaria causando um barulho absurdo.
Foi num embate com Gleisi Hoffmann. No final de sua
insuportável peroração, naquele tom subprofessoral que deve deixar seus antigos
eleitores em coma, Cristovam falava da “credibilidade necessária do governo”
para a PEC 241 ser efetivada.
— Essa credibilidade não vem da cara do Temer. A cara do
Temer é a cara da Dilma, gente. Ficaram dez anos juntos, conta ele.
— Pra que vocês mudaram, então?, devolve Gleisi. Pra que
fizeram o impeachment?
— Pela PEC do Teto, que a senhora não quer votar.
Gleisi pondera o óbvio: se esse projeto fosse posto em
votação por qualquer candidato, não seria eleito. “Desculpe”, é o máximo que
Buarque consegue responder.
Cristovam já ultrapassou há muito tempo a barreira do
cinismo e da desfaçatez. Talvez esteja beirando o alambrado da loucura, mas
isso é dar-lhe indulgência pelo que faz.
A admissão de Cristovam é tenebrosa. O fato de ele não estar
nem aí para isso é emblemático do momento nacional.
O golpe foi dado para que uma proposta de emenda
constitucional que limita os gastos públicos pelos próximos 20 anos seja
aprovada sem o incômodo de passar pelo crivo popular.
Já temos um presidente inepto que mente na maior sobre uma
reunião que não teve com Putin na cúpula dos BRICS em Goa. Nada acontece.
Cristovam, ao menos, é verdadeiro em sua imensa, facinorosa,
cara de pau.
Via DCM
Nenhum comentário:
Postar um comentário