Os institutos federais não deverão atender a solicitação do
Ministério da Educação (MEC) de informar, em até cinco dias, os nomes dos
estudantes que participam das ocupações, segundo representantes das
instituições.
Nesta quinta (20), os representantes dos institutos reuniram-se
em reunião ordinária do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de
Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif).
"A decisão foi de responder ao ofício do MEC", diz
o pró-reitor de Desenvolvimento Institucional Instituto Federal Fluminense
(IFF), José Luiz Sanguedo Boynard, que participou da reunião. "Em relação
à identificação, isso nunca ocorreu. A princípio isso é algo que as
instituições não pensam em fazer".
No início da noite de quarta (19), um ofício circular foi
enviado pela Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do MEC aos
reitores dos institutos federais solicitando que dessem informações ao MEC
sobre as ocupações e seus participantes: "Solicito manifestação formal
acerca da existência de eventual ocupação dos espaços físicos das instituições
sob responsabilidade de vossas senhorias, procedendo, se for o caso, a
respectiva identificação dos ocupantes, no prazo de cinco dias", diz o
ofício.
O reitor do Instituto Federal de Brasília, Wilson Conciani
diz que há dificuldades operacionais em organizar esses dados: "Não
conhecemos pessoalmente todos eles, é uma missão um pouco mais difícil",
disse. "É uma dificuldade operacional, não é questão de ser a favor ou
contra uma posição que o MEC está nos colocando. A gente tem explicado isso
para o ministério. Já informamos o ministério quais são os campi que estão
ocupados. Desde o primeiro momento de ocupação já fomos informando o MEC porque
é o órgão central que coordena as informações de educação".
Cinco campi do IFB estão ocupados. No Brasil, de acordo com
o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e
Tecnológica, até essa quarta-feira, 68 unidades em 23 institutos federais em 15
estados estavam ocupados. "Não vamos bater nem expulsar os estudantes daqui.
O que estamos negociando é que o Instituto funcione normalmente, ou seja, eles
podem ficar acampados desde que a gente possa entrar, trabalhar, receber as
pessoas, que não atrapalhe o funcionamento do Instituto", diz Conciani.
Por meio da assessoria de imprensa, o Conif, que reúne os
representantes dos institutos federais, diz que o foco do conselho é informar
quais são os campiocupados, que não há decisão plenária sobre a identificação
dos estudantes e que a resposta ao MEC cabe a cada instituição.
Na quarta (19), o ministro Mendonça Filho deu o prazo até o
dia 31 de outubro para que as escolas e institutos federais sejam desocupados e
ameça que caso isso não ocorra, as provas do Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem) serão suspensas.
Os estudantes, contrários à PEC 241, a Medida Provisória da
Reforma do Ensino Médio e a Lei da Mordaça, estudantes ocupam mais de 900
escolas em todo o país, uma atitude extrema para lutar pelo regresso do
diálogo, a democracia e o não sucateamento da educação pública. Um novo local
de prova do Enem foi ocupado desde a última quarta (19). O balanço total
realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira
(Inep), de escolas ocupadas que terão prova do Enen subiu para 182 lugares.
A entidade que representa os estudantes secundaristas, a
Ubes, repudiou a ameaça de suspensão do Enem e a perseguição às ocupações,
"as investidas repressoras do governo não vão impedir os estudantes.
Permaneceremos resistindo até que a pauta de reivindicações seja ouvida e discutida.
As ocupações serão mantidas em oposição à Medida Provisória
que “deformará” o Ensino Médio, em repúdio à Lei da Mordaça (Escola sem
Partido) e contra a PEC 241, que vai prejudicar investimentos em áreas como
Educação e Saúde, literalmente congelando o nosso futuro", diz um trecho
do comunicado lançado pela entidade.
Com informações do Jornal do Brasil
Via Portal Vermelho
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