Se a indignação corrente contra casos de corrupção - a
maioria ainda baseada em precárias denúncias de meliantes, barcos de lata e
pedalinhos infantis - é seletiva, por que a memória não seria?
No início dos anos 2000, o procurador federal Luiz Francisco
de Souza atazanava tucanos ligados ao presidente FHC.
Era RIDICULARIZADO pela chamada grande imprensa: um falso
paladino, falso asceta (dirigia um fusca 1985) e petista. Tratamento não apenas
diferente, mas CONTRÁRIO ao recebido pelos procuradores da lava jato.
O jornal O Globo era o mais preocupado com a -cito um
editorial- "ofensiva contra a imagem do próprio presidente da
República".
Ao analisar ações de membros do MPF que se aproximavam do
gabinete presidencial, o mesmo editorial dizia ser "incorreto que se
confundissem INDÍCIOS COM PROVAS, possibilidades com certezas e, acima de tudo,
DESEJOS COM FATOS".
Os "desejos", no caso, seriam as motivações
político-partidárias do procurador. O Globo pedia calma. Estava correto.
Agora, encontre esse bom senso em quaisquer edições globais
nos últimos anos.
O editorial é do dia 15 de agosto de 2000.
E (2) um trecho destacado, que me parece uma das maiores
pérolas do esquecimento brutal que acometeu os outrora SENSATOS editorialistas
de O Globo.
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