Ao menos 65 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em
uma explosão neste domingo (27) à noite em um parque em Lahore, grande cidade
do leste do Paquistão, onde cristãos celebravam a Páscoa, segundo uma
autoridade local.
O último boletim aponta 65 óbitos, disse Muhammad Usman, uma
autoridade da cidade de Lahore, acrescentando que "as operações de resgate
continuam".
Segundo o funcionário, entre os feridos há 50 crianças e
várias mulheres, muitos em "estado crítico".
"Requisitamos a ajuda do exército. Militares estão
ajudando no resgate e na segurança", indicou.
"Aparentemente trata-se de um atentado suicida (...) O
parque estava lotado neste domingo", indicou por sua vez à AFP Haider
Ashraf, um oficial da polícia, ressaltando que esferas de rolamento foram
encontradas no local.
A explosão ocorreu em um estacionamento perto do parque de
Gulshan-e-Iqbal, próximo ao centro da cidade, enquanto a comunidade cristã
celebrava o domingo de Páscoa.
"Condeno com firmeza o atentado em Lahore no qual
cidadãos inocentes, entre eles mulheres e crianças, perderam a vida",
declaroi o líder da oposição, Imran Khan.
Um médico, o doutor Ashraf, descreveu cenas de horror no
hospital Jinnah onde trabalha. "Até agora já recebemos mais de 40 corpos e
200 feridos, e a maioria está em situação crítica. Temo que o número de mortos
aumentará".
"Estamos atendendo as pessoas no chão e nos corredores
do hospital, e segue chegando mais gente" ferida.
O parque Gulshan-e-Iqbal, muito popular, estava
especialmente cheio neste domingo de primavera, quando a comunidade cristã
celebrava a Páscoa em Lahore, cidade de 8 milhões de habitantes.
Javed Ali, residente de Lahore, 35 anos, cuja casa está
situada diante da entrada do parque, disse à AFP que escutou "uma enorme
explosão que destruiu as vidraças" de sua residência. "Tudo tremeu,
as pessoas gritavam e havia poeira e fumaça por todas as partes".
Em novembro de 2014, um atentado suicida dos talibãs em
Wagah, na fronteira com a Índia, matou mais de cinquenta pessoas.
Nos últimos anos, as igrejas têm sido alvos de ataques em
Lahore, reduto do primeiro-ministro Nawaz Sharif, na província de Punjab.
No Paquistão, grupos islâmicos armados atacam com frequência
a minoria cristã, que representa cerca de 2% da população deste país muçulmano,
predominantemente sunita, de 200 milhões de habitantes.
Alguns cristãos também foram acusados de ter ofendido o
Islã, um crime punível com a pena de morte no Paquistão, segundo uma lei
controversa de blasfêmia.
Neste domingo, a polícia disparou gás lacrimogêneo para
dispersar cerca de 25 mil partidários de Mumtaz Qadri, um islamita executado no
mês passado por matar em 2011 o governador de Punjab, Salman Taseer, que se
manifestavam em Rawalpindi.
Mumtaz Qadri tinha reivindicado o assassinato, alegando
querer vingar Salman Taseer, um político progressista que havia defendido Asia
Bibi, uma cristã condenada à morte por blasfêmia.
A manifestação de Rawalpindi não foi transmitida pelos
canais de notícias, uma vez que os meios de comunicação estão sujeitos a uma
censura crescente do Estado que não quer ver esse tipo de protesto crescer no
resto do país.
Via Correio Popular
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