Trabalhadores e trabalhadoras da fábrica da Ford, em São
Bernardo do Campo, decidiram lutar contra o golpe e em defesa dos direitos
trabalhistas. A decisão foi votada em assembleias realizadas na manhã desta
terça, dia 22. A fábrica emprega 4 mil pessoas.
As assembleias aconteceram entre 9h e 11h. A primeira foi
realizada na unidade de caminhões e estamparia. A segunda, na planta de
montagem de carrocerias e pinturas.
Dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC debateram
com os trabalhadores e trabalhadoras os riscos de quebra da ordem institucional,
caso Dilma perca seu mandato sem provas de ter cometido crime e que Lula
continue sendo perseguido pela Justiça – também sem provas.
“O golpe já está acontecendo”, narrou o secretário-geral da
CUT-SP, metalúrgico João Cayres. “Se ele se consumar, o passo seguinte será o
ataque aos nossos direitos trabalhistas e individuais”, completou.
Cayres lembrou que já existem no Congresso Nacional projetos
que pretendem generalizar a terceirização no mercado de trabalho, entre outros,
e que representantes da oposição vêm sistematicamente defendendo a redução do
salário mínimo e a flexibilização das leis trabalhistas. Com o golpe, o caminho
para a concretização desses ataques estará livre, argumentou Cayres.
“Corremos o risco de ‘mexicanização’ de nossa produção”,
alertou o dirigente, em referência a processo ocorrido no México, onde as
multinacionais tornaram os operários meros apertadores de parafusos, tendo como
consequência um rebaixamento brutal de salários em relação ao Brasil. Isso
ocorreu em virtude de alinhamento acrítico do México à política externa dos
Estados Unidos.
Lula ministro
O presidente do Sindicato, Rafael Marques, discorreu também
sobre a situação de Lula. “Ele não queria aceitar o convite para se tornar
ministro, porque achava que ia parecer que estava com medo de alguma ação na
Justiça. E disso ele não tem medo. Nós aqui do sindicato é que insistimos para
ele se tornar ministro, pois nosso ex-presidente é muito respeitado em todos os
setores da sociedade e pode contribuir muito na articulação política e fazer o
governo retomar a iniciativa”.
Durante a assembleia, Cayres comentou a Lava Jato. “Esta é
uma operação que foi perdendo o foco à medida que foi crescendo, tornou-se
instrumento de perseguição a um único grupo político e agora inviabiliza o
trabalho de um setor inteiro da economia, ao paralisar as empresas que atuam em
petróleo e gás”.
Ao final da assembleia, foi colocada em voto a seguinte
resolução: “Vocês querem lutar contra o golpe e em defesa dos direitos
trabalhistas?”. A resposta veio na forma de milhares de mãos erguidas e vozes
em uníssono.
A partir de amanhã, haverá assembleias como esta em todas as
fábricas da base do Sindicato.
Fonte: CUT
Via – Portal Vermelho
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