O estudo do IBGE aponta que, entre 2004 e 2014, houve uma
diminuição no desequilíbrio profissional entre homens e mulheres, no Brasil.
Entretanto, a desigualdade ainda não foi superada.
Da Adital
Com base nos dados obtidos pela Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (Pnad) de 2014, do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), o Ministério do Trabalho, em parceria com o Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado ao governo federal, divulgam a
análise Mulheres e trabalho: breve análise do período 2004-2014. O estudo
aponta que, entre 2004 e 2014, houve uma diminuição no desequilíbrio
profissional entre homens e mulheres, no Brasil. Entretanto, a desigualdade
ainda não foi superada.
De acordo com a nota, no período citado, a renda do
brasileiro em geral aumentou cerca de 50%. Nesse mesmo período, o aumento do
rendimento das mulheres negras chegou a 77%, enquanto o das mulheres como um
todo obteve um incremento na ordem de 61%. Entretanto, os homens continuam ganhando
mais – e, se forem brancos, a diferença aumenta. As mulheres negras, por seu
lado, continuam ocupando a ponta oposta da hierarquia profissional, com a menor
média salarial: R$ 946 (2014).
A nota explica ainda que cerca de 14% da população feminina
brasileira trabalham como domésticas. Neste grupo, as mulheres negras são
também maioria (17,7% ocupam a função, contra 10% entre as mulheres brancas).
Revisando conceitos
Luana Simões Pinheiro, que é pesquisadora do Ipea e uma das
autoras da análise, explica, mencionando a metodologia, que é preciso entender
que a diferença na vida profissional entre os sexos pode ser maior do que o
apontado na nota. "O IBGE trabalha com um conceito que exclui todo
trabalho doméstico não remunerado, feito no espaço privado, que são aquelas
atividades que as mulheres fazem no cotidiano da vida, que é contínua e não tem
mudado ao longo dos anos (...) As mulheres que cuidam dos filhos, idosos e
doentes, e as trabalhadoras rurais estão fora dos dados estatísticos”, aponta
Luana.
A pesquisadora mostra que o ‘terceiro turno’ vivido pelas
mulheres (que atingem a independência financeira, mas continuam responsáveis
pelas tarefas domésticas) e outras contribuições que dão de forma não
remunerada ao lar (realidade "que não tem mudado ao longo dos anos”),
assim como a trabalhadora rural, não estão contemplados nas estatísticas
apresentadas.
A nota revela, por exemplo, que das mulheres que responderam
à PNAD, em 2014, 90% afirmaram ‘realizarem algum tipo de trabalho doméstico não
remunerado’, enquanto que apenas 51% dos homens responderam afirmativamente à
pergunta. E, mesmo em comparação com os que ajudam, o tempo dedicado à jornada
de atividades domésticas das mulheres é mais que o dobro do dedicado pelos
homens (25,3 horas delas contra 10,9 horas semanais deles).
"Para a discussão de gênero e igualdade entre mulheres
e homens no mundo do trabalho, o conceito adotado nos limita e diminui a
contribuição que as mulheres dão nesse campo”, explica Luana.
Sugestões
Os autores da nota apontam sugestões de políticas públicas
para a diminuição das desigualdades:
i) Ações que aumentem a permanência das mulheres no mercado
de trabalho, com garantia de igualdade de rendimento e ascensão profissional;
ii) Continuação da política de valorização do salário
mínimo, no longo prazo;
iii) Capacitação profissional de mulheres;
iv) Políticas de proteção e seguridade social, especialmente
para as que estão em situação de vulnerabilidade;
v) Políticas que incentivem o compartilhamento das
responsabilidades familiares e a promoção de estudos comparativos
internacionais sobre o enfrentamento das desigualdades entre homens e mulheres
no mercado de trabalho.
Para acessar a Nota Técnica do Ipea completa clique aqui.
Via Brasil de Fato
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